Ex-diretor-executivo da Americanas (AMER3) é preso na Espanha, confirma Polícia Federal

Mandado de prisão do executivo foi expedido na quinta-feira; Polícia Federal realizou operação envolvendo ex-dirigentes da varejista

O ex-diretor-executivo da Americanas (AMER3) Miguel Gutierrez foi preso na Espanha nesta sexta-feira (28). A informação foi publicada pelo jornal O Globo e confirmada pela Inteligência Financeira com a Polícia Federal no fim da manhã.

Na quinta-feira, a Polícia Federal lançou a operação Disclosure com base em delação premiada e em parceria com o Ministério Público Federal. O MPF investiga suposto esquema de fraude envolvendo a Americanas (AMER3).

A atual direção da Americanas passou a colaborar com as investigações dando informações, inclusive, sobre o funcionamento do suposto esquema. As informações foram divulgadas pelo jornal Valor Econômico.

Em divulgação ainda na quinta-feira, a defesa jurídica de Miguel Gutierrez informava não ter tido acesso ao conteúdo que embasou a deflagração da operação, mas reafirmou que o executivo agora preso jamais participou de fraude.

‘Crise’ de R$ 25 bilhões na Americanas (AMER3)

A crise envolvendo uma suposta fraude de cerca de R$ 25 bilhões eclodiu no começo do ano passado. Em junho, durante depoimento na Câmara dos Deputados, o diretor-presidente que havia assumido o cargo, Leonardo Coelho Pereira, admitiu pela primeira vez que o rombo contábil revelado em janeiro e que levou à recuperação judicial da varejista havia sido fruto de fraude.

“A Americanas não chama mais o caso de inconsistência contábil, mas de fraude”, disse Coelho Pereira na oportunidade.

Em março deste ano a Americanas começou a pagar R$ 4 bilhões em dívidas com quinhentos fornecedores. Em abril, o empresário Jorge Paulo Lemann, sócio de empresas como a AB Inbev, disse que apesar dos feitos das últimas décadas, nos últimos dois anos houve insucessos. A declaração foi interpretada como uma referência à crise da varejista a qual é proprietário.

Um pouco antes, em fevereiro, a Justiça homologou o plano de recuperação da Americanas.

PF também indica fraude

Em comunicado postado em seu site por ocasião da operação de quinta-feira, a Polícia Federal informou que “os ex-diretores praticaram fraudes contábeis relacionadas a operações de risco sacado, que consiste em uma operação na qual a varejista consegue antecipar o pagamento a fornecedores por meio de empréstimos junto aos bancos”.

Também foram identificadas fraudes envolvendo contratos de verba de propaganda cooperada, segundo a PF. Esses contratos, chamados de VPC, são incentivos comerciais geralmente usados no setor, mas que no caso da Americanas foram contabilizadas VPCs que nunca existiram, disse a PF.