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No ano do bitcoin e da IA, a aposta de sucesso em Wall Street é a Argentina de Javier Milei
A despeito das duras medidas, que elevaram para 18,1% o índice de pessoas em pobreza extrema, a Argentina de Javier Milei continua angariando a simpatia dos mercados.
O último a destacar os feitos recentes do projeto reformista do presidente libertário foi o The Wall Street Journal. O veículo é porta-voz de banqueiros e gestores de Nova York. Ele destacou o sucesso do trade argentina em 2024. Segundo a publicação, para além das criptomoedas, dos veículos elétricos ou da inteligência artificial (IA), o negócio quente em Wall Street é o pais de 46 milhões de pessoas.
Argentina fez a festa dos fundos de hedge
Fundos de hedge e outros gestores globais, então, se amontoaram nos mercados argentinos neste ano. A aposta de que o presidente Javier Milei poderia reformar uma economia sofrida turbinou as apostas. E assim ganharam muito dinheiro. As ações de Buenos Aires estão a caminho de terminar 2024 como as de melhor desempenho do mundo. E os até então combalidos títulos do governo dispararam.
Em reportagem recente, a Inteligência Financeira detalhou o bom desempenho argentino. O país vai encerrar o ano como a economia emergente que mais cresceu em 2024. Os títulos de divida soberana da Argentina já se recuperaram dramaticamente. Um indicador da dívida em moeda forte do país, o ICE BofA US Dollar Argentina Sovereign Index, gerou retorno total de cerca de 90% este ano.
Enquanto isso, o S&P Merval Index subiu mais de 160% este ano até a última segunda-feira, superando assim em muito os benchmarks de ações em mercados desenvolvidos e emergentes. Ajustando as diferenças cambiais, o índice ainda está em alta de mais de 100% em termos de dólares americanos. Para efeito de comparação, o S&P 500 subiu 25% no mesmo período.
Serra elétrica vai dar certo?
Milei ganhou a presidência prometendo cortes drásticos de gastos, muitas vezes acenando com uma serra elétrica acima da cabeça enquanto fazia campanha para reforçar o ponto. O político libertário, assim, foi elogiado pelo presidente eleito Donald Trump.
Ele seguiu adiante interrompendo obras públicas, cortando transferências de fundos para províncias e com redução de subsídios generalizados de serviços públicos. Milei também se moveu para diminuir a lacuna entre as taxas de câmbio oficiais e do mercado negro.
A terapia de choque de Milei causou sofrimento econômico generalizado. E piorou uma taxa de pobreza já alta. Mas a inflação desacelerou drasticamente de níveis altíssimos. E, pela primeira vez em mais de uma década, a Argentina oscilou para um superávit fiscal trimestral este ano. Dados recentes mostraram que a economia está saindo da recessão. Cresce a uma taxa de 3,9% em setembro, em comparação com o trimestre anterior.
Isso desencadeou uma mudança radical nas atitudes dos investidores em relação a um país há muito atormentado por problemas como caos político, preços descontrolados e gastos excessivos do governo. A Argentina deixou de pagar a dívida soberana nove vezes desde que conquistou a independência em 1816, mais recentemente em 2020.
“A natureza dessa reviravolta foi de tirar o fôlego”, disse ao Wall Street Journal Genna Lozovsky, diretora de investimentos da Sandglass Capital Advisors, asset de Londres.
“Se a âncora fiscal que Milei plantou tão firmemente no solo permanecer no lugar, se essa tendência de desinflação continuar e se a economia continuar a funcionar”, diz ela, segundo o jornal, “os detentores de títulos devem esperar ganhos substanciais”.
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