Roberto Campos Neto diz que subir juro no período eleitoral foi prova de independência do Banco Central

O presidente do BC considerou natural receber queixas do governo à política fiscal

Em entrevista ao programa Roda Viva, nesta segunda-feira, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, defendeu a autonomia da instituição. Para ele, uma das provas do posicionamento independente do governo foi a elevação da taxa de juros de 2% para 13,75% em ano de eleição presidencial.

“Em termos de atuação, foi a maior subida de juros em um ano eleitoral (2022). Quando a gente olha mercados emergentes, você não vai ver uma subida da magnitude que o Banco Central fez. Mostra que foi algo independente. Se estivesse agindo politicamente, não teria feito”, argumentou.

Após dizer que todos os primeiros anos de governos passados começaram com aumento de juros, exceto 2006, Campos Neto considerou natural receber queixas do governo à política fiscal. Ele ainda contou que, no governo passado, sofreu algo parecido.

Decisão sobre os juros não é exclusiva do presidente do BC

“Cada vez que o BC alertava que algo (risco) no fiscal indicava perigo ou violava o teto, o ministro Paulo Guedes ligava para mim, reclamava, dizia que tinha que reconhecer esforço fiscal. Então, é um processo…”, disse Campos Neto.

Campos Neto também fez questão de ressaltar que a decisão sobre os juros não é exclusiva do presidente do BC. Afirmou que tem apenas um dos votos no Comitê de Política Monetária (Copom) e que, muitas vezes, o presidente é voto vencido, mencionando um caso desse tipo recente no Banco da Inglaterra, o banco central do Reino Unido.

“Acho que é hora de esquecer dessas coisas pequenas e pensar no que o Brasil precisa para crescer. É nesse debate que eu quero contribuir”, defendeu.

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