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Preço sobe com força na ponte aérea Rio-São Paulo
Famosa pela forte demanda corporativa e por levar os paulistas a uma das cidades mais turísticas do país, a ponte aérea São Paulo- Rio tem se tornado, cada vez mais, um sonho distante do bolso do consumidor que busca um destino para passear. No turismo de negócios, os preços salgados já impõem mudanças – o viajante corporativo, que costuma reservar a passagem em cima da hora e por isso paga mais caro, está antecipando a compra para obter descontos.
O turista corporativo pagou, em média, R$ 1.417 entre janeiro e maio deste ano, alta de 84% em relação a igual período de 2019, antes de a pandemia chegar ao país, segundo a BeFly, dona da Flytour, a maior agência de viagens corporativas do país.
O tíquete médio, considerando também o turista de lazer, foi de R$ 475,91 no primeiro trimestre deste ano, um salto de 41,27% na comparação com os R$ 336,88 (corrigido pela inflação até março deste ano) do mesmo período de 2019. Os dados foram compilados pela Agência Nacional de Aviação Civil a pedido do Valor.
Nos primeiros três meses de 2019, cerca de 45,7% das tarifas negociadas na principal rota aérea do país estavam abaixo de R$ 200. Em igual período deste ano o percentual foi para 34,3%.
Passagens acima de R$ 2 mil, para voar 366 km em cerca de 50 minutos, geram críticas nas redes sociais. No primeiro trimestre de 2019, 1% dos bilhetes da ponte aérea foram vendidos acima de R$ 1,5 mil, fatia que saltou para 4,4% em igual período deste ano.
O comediante Paulo Vieira é um dos que criticaram, em redes sociais, o preço de R$ 3 mil para voar do Rio a São Paulo. “ Quarenta minutos de voo. Três mil, por pessoa”, escreveu em meados de maio.
As companhias aéreas, que em 2020 e 2021 viram a demanda sumir, por causa da pandemia, encolheram a oferta de voos. Oferta menor e a alta do petróleo jogam para cima o preço do bilhete. No primeiro trimestre, o número de voos realizados na ponte aérea caiu 40,79% na comparação com o período pré-pandemia, para 5.600.
Segundo Reifer Souza, diretor de produtos da BeFly, a alta de preço é tamanha que até o turista de negócios está buscando antecipar as compras de passagens e assim obter descontos. A compra antecipada, diz, traz um desconto na casa de 50%. Os preços salgados tambem estão fazendo com que esse turista não faça o “bate-volta”, ficando mais alguns dias no Rio ou em São Paulo. “Tivemos pico em março, em que a tarifa média na BeFly era de R$ 668 e foi a R$ 1.697, uma alta de 150%. Tivemos agora um processo de queda”, diz Souza.
Passagem mais cara não ocorre apenas na ponte aérea. O yield médio real nacional (o preço pago por um passageiro para voar um quilômetro) saltou 9% no primeiro trimestre deste ano em relação a igual período de 2019, para R$ 0,425. Segundo a entidade que reúne as companhias aéreas no Brasil (Abear), de 1º de janeiro a 1º de junho, o preço do combustível dos aviões subiu 64,3%. Essa despesa vai para o preço da passagem.
Em nota, a Gol disse que a demanda vem ganhando força na ponte Congonhas-Santos Dumont. Desde o fim de março, a empresa faz até 18 voos diários no trecho, com até 3.250 assentos em cada sentido. Antes da pandemia, eram até 27 voos diários.
A Latam disse que a demanda na ponte aérea cresce mês após mês. “Em abril, tivemos um aumento de 10% na demanda desta rota em relação a março de 2022”. A empresa disse que passou de 90 para 125 voos semanais de março para abril/2022 no trecho. “Já entre os meses de maio e junho/2022 teremos uma oferta de voos estável nesta rota, com um leve crescimento na alta temporada”.
Segundo o sócio da Bain & Co e especialista em aviação André Castellini, o cenário para os preços não é favorável. “Normalmente as coisas se equilibram. Se o preço está muito alto, as companhias colocam mais voos. Mas, estruturalmente, o petróleo está acima de US$ 110. Há um aumento grande na commodity e ninguém acha que ela vai cair de forma significativa no curto prazo”, disse.
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