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Pix chega aos 4 anos com foco em novas funcionalidades e segurança
Em um raio de poucos metros do edifício-sede do Banco Central (BC) em Brasília, o Pix se tornou o meio de pagamento preferido entre comerciantes e prestadores de serviço. Com uma clientela formada principalmente por funcionários do BC e de outros órgãos públicos, como a Caixa, eles gostam da facilidade e, principalmente, da gratuidade.
O Pix chega aos quatro anos neste sábado, 16 de novembro, com 154,8 milhões de usuários pessoas físicas e 15,2 milhões de pessoas jurídicas. Lucas Aguiar, 26, e João Batista, 50, usam o Pix no dia a dia do trabalho cuidando e lavando os carros estacionados na região, o Setor Bancário Sul, onde fica o BC.
Aguiar conta que praticamente todos os pagamentos são via Pix. Há 12 anos por lá, ele afirmou que é o meio mais prático. Aguiar aceita Pix desde o fim da pandemia. “Logo que voltou tudo passei a aceitar Pix. O povo tinha receio de pagar em espécie devido ao vírus”, contou. Já Batista relatou que tem medo de golpes, mas também aceita Pix.
Para a planejadora financeira Myrian Lund, o Pix trouxe facilidade e inclusão financeira. “Está atendendo uma população que estava alijada até um tempo atrás. Isso, aliado aos bancos digitais, trouxe um serviço social fantástico para a população”, afirmou.
O presidente do BC, Roberto Campos Neto, costuma incluir em suas apresentações a informação de que 71,5 milhões de pessoas foram incluídas no sistema financeiro com o Pix.
Já o diretor de organização do sistema financeiro e resolução do BC, Renato Gomes, afirmou na última segunda-feira que, “a cada nova funcionalidade do Pix que desenvolvemos no Banco Central, pensamos muito nessa ótica da inclusão”.
A maior parte das transações Pix, 48%, é feita entre pessoas, mas os pagamentos para empresas vêm ganhando espaço e chegaram a 40% em outubro. Para comparação, em novembro de 2022, essa divisão era de 66% e 24%, respectivamente.
Eriberto Dutra, comerciante da Diamantes Produtos Naturais, é uma das pessoas que usam o Pix desde o início. Ele tem três lojas no Setor Bancário Sul, região do BC, e chegou a ouvir sobre o instrumento dos próprios funcionários da autarquia. A ferramenta representa cerca de 30% das vendas, mas ele gostaria que fosse mais. “Para a gente que é comerciante seria menos uma taxa“, disse Dutra.
Em live promovida pelo BC marcando os quatro anos do Pix, Gomes, diretor da autoridade monetária, disse que ainda faltava um produto no ecossistema Pix que trouxesse conveniência na “boca do caixa” e o Pix por aproximação pode solucionar essa questão. “Vai trazer muito mais competição para os pagamentos de varejo”, disse.
O Pix por aproximação prevê a possibilidade de utilizar o Pix de modo similar ao pagamento feito por cartões sem contato. A obrigatoriedade de disponibilização do serviço para as instituições que participam do open finance está prevista para fevereiro de 2025, mas já está sendo disponibilizada por algumas instituições, como o Google Pay.
Lauro Gonzalez, coordenador do Centro de Estudos de Microfinanças e Inclusão Financeira da FGV, destacou que, antes do Pix, o ecossistema de pagamentos no Brasil era ineficiente e com custo de transação muito elevado. Depois de chegar a grande parte da população, Gonzalez avalia que as novas funcionalidades “certamente” vão intensificar o uso do meio de pagamento. “Acho que agora, muito mais do que o acesso, o que vai acontecer é o aumento do uso com essas funcionalidades”, disse.
Segundo o BC, o Pix tem atualmente mais de 850 participantes ativos, entre bancos e fintechs. “O Pix se tornou um atrativo para que as pessoas buscassem ter conta em alguma dessas instituições, para ter acesso ao arranjo de pagamento e, consequentemente, a outros produtos financeiros oferecidos pela sua instituição financeira de relacionamento”, informou o BC em nota.
Osmar Gonçalves Amaral, 46 anos, lava carros desde 1997. De Cidade Ocidental, Goiás, ele viaja cerca de 44 quilômetros até o Setor Bancário Sul para trabalhar. “Uma transferência que eles faziam que demoraria de meia hora a quarenta minutos para poder cair na conta, o Pix em menos de meio segundo o dinheiro já está na conta. É uma maravilha.”
Leidiana Maranhão tem um papel impresso e plastificado com o QR Code do Pix no porta-malas do carro em que vende marmitas há 14 anos ao redor do edifício do BC. Ela trabalha para o restaurante “Marmita da Célia” e externa outro receio compartilhado entre comerciantes da região, o de que o Pix passe a ter alguma tarifa. “Parece que eles querem cobrar taxa”, afirmou.
As instituições financeiras podem cobrar uma tarifa pelo uso de pessoas jurídicas. No entanto, muitas oferecem o serviço gratuitamente, principalmente para micro e pequenas empresas. “Não há nenhum plano de cobrança de tarifas no Pix, além das que o regulamento do arranjo já permite”, informou o BC.
No Manu Lanches, lanchonete que fica ao lado prédio da autoridade monetária, os pagamentos dos salgados, cuscuz e açaí são majoritariamente feitos por cartão, mas Nadija Maria Garcia, que trabalha junto com a irmã no local, conta que a preferência pessoal é por Pix. “Pix é bom, não paga nada, só precisa ter conta. É bom, não tenho nada contra… Agora, caso for cobrar alguma coisa, eu sou contra”, disse.
Além da transferência por aproximação, o BC trabalha no Pix automático, que terá uma função parecida com o débito automático e será lançado em junho de 2025.
A agenda de evolução ainda conta com uma parte de segurança. Na última semana o BC aumentou as exigências para que instituições participem do Pix. A nova regulação determina que elas precisam ser autorizadas a funcionar pelo BC.
Além disso, o BC está desenvolvendo a na segunda versão do Mecanismo Especial de Devolução (MED) com previsão de lançamento no primeiro trimestre de 2026.
Renata Cardoso, sócia de bancário, operações e serviços financeiros do escritório Lefosse, explicou que as mudanças no Pix são positivas e que não há falta de credibilidade para o sistema. “A busca do aumento de segurança alcança o mercado como um todo e os investimentos nessa área estão ocorrendo em toda a cadeia de pagamentos”, disse.
*Com informações do Valor Econômico
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