Petrobras (PETR3;PETR4): defasagem e política de preços podem pressionar resultados, analisa Goldman Sachs

Para banco americano, demora da Petrobras (PETR4) para repassar defasagem a preços do diesel e da gasolina pode prejudicar lucro da operação

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A alta do dólar e a valorização do barril de petróleo podem ser fonte de dor de cabeça para a Petrobras (PETR3;PETR4). Orientada pela política de preço de paridade internacional, a estatal pode ter impacto negativo de 7% no lucro operacional se atrasar o repasse da defasagem dos custos de importação para preços da gasolina e do diesel comercializados no Brasil. Essa é a avaliação do banco norte-americano Goldman Sachs.

De acordo com analistas do Goldman, a defasagem entre preços de diesel e gasolina importados para os preços em território nacional aumentou 17% e 10%, respectivamente. Em dezembro, a diferença do PPI no diesel era de 6%, enquanto a da gasolina era de 3%. Isso levaria a Petrobras a executar sua operação com margens de refino menores, diz o banco, impactando no resultado financeiro do quarto trimestre.

Impacto ocorre se Petrobras (PETR3;PETR4) atrasar repasse

O Goldman Sachs nota que o preço do petróleo Brent subiu 14% entre dezembro e janeiro. Ao mesmo tempo, o valor de referência internacional do diesel saltou 18%, acompanhado pelo da gasolina, cuja alta foi de 15%.

A Petrobras não fez alterações no preço de combustíveis vendido a refinarias brasileiras. “Isso levou a petroleira a operar com margens mais apertadas entre o preço do petróleo bruto extraído e o custo de combustíveis refinados”, afirma o relatório do Goldman Sachs. Gasolina e diesel correspondem por 60% do segmento de downstream da Petrobras.

“Caso a empresa mantenha as margens atuais para diesel e gasolina, vemos um possível impacto negativo de 7% no Ebitda ajustado da Petrobras contra nossas estimativas”, diz o banco. A previsão é para o resultado financeiro do quarto trimestre.

Em contrapartida, se o petróleo brent mantiver o atual patamar de cotação de US$ 81 no mercado internacional, o impacto negativo na operação da Petrobras (PETR3;PETR4) “seria mais do que compensado”.

“Nesse caso, vemos um possível incremento de 3% no Ebitda consolidado do quarto trimestre, mais do que compensando margens de refino”, diz o Goldman.

O cenário em que a Petrobras sobe preços de combustíveis

A diretriz de formação de preços da Petrobras demanda que ela assegure o equilíbrio de preços de refinados no mercado internacional e nacional, inclusive “na preservação de um ambiente competitivo salutar”.

Assim, o Goldman Sachs indica que a Petrobras (PETR3;PETR4) não poderia oferecer combustível mais barato que distribuidores privados. Isso joga a favor de uma possível alta de preços de diesel e gasolina, portanto.

Distribuidores privados como a Vibra, por sua vez, podem tirar vantagem de um cenário em que a Petrobras não reajusta preços.

O Goldman enfatiza que o setor de distribuidoras sofreu no quarto trimestre porque a defasagem dos preços da Petrobras contra o mercado internacional era menor. Players privados aproveitaram a maior oferta de combustíveis para importar mais diesel e gasolina, afirma o Goldman. Mas a fraca demanda atrapalhou o mercado.

“A falta de repasse, portanto, pode beneficiar o ambiente comercial no primeiro trimestre de 2025, já que as importações ficaram menos atraentes do que oferta nacional”, finaliza o banco.

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