Oportunidades e desafios da GameFi em 2024

Quem não acompanha a indústria de jogos, pensa que o mercado está morto. A verdade, entretanto, é outra. Veja o que está por vir em 2024

Em 2024, a empresa de inteligência Statista prevê que a indústria dos jogos superará os US$ 282 bilhões em receita. A título de comparação, a mesma empresa espera que a indústria do cinema atinja US$ 41,4 bilhões em receita no mesmo período. Trata-se de um valor 85,3% menor.

A indústria dos jogos não é gigantesca somente em receita. Outro relatório, também da Statista, estima que esse setor do entretenimento alcançará 1,3 bilhão de usuários até o fim de 2024.

Esses números servem para ilustrar o potencial que os jogos possuem, e que o mercado de criptomoedas busca atualmente, que é embarcar usuários. Nos últimos anos, porém, estúdios de jogos e fundos de capital de risco (VCs, na sigla em inglês) notaram que ambas as indústrias podem se favorecer. E isso pode criar uma forte narrativa para 2024.

O ‘fracasso’ dos jogos em blockchain

É provável que você tenha ouvido nomes como Illuvium, Star Atlas ou Axie Infinity há alguns anos. Todos esses nomes são títulos do mercado de jogos para a Web3, ou jogos em blockchain, que utilizam a imutabilidade dessa tecnologia para registrar ativos conquistados pelos jogadores de forma descentralizada e eterna.

Algo em comum que esses três títulos têm é o fracasso, mas por diferentes motivos. O Axie Infinity popularizou o modelo play to earn, ou jogue para ganhar, que bonificava jogadores com tokens que valiam dinheiro de verdade. Era comum ver jogadores ganhando dezenas de milhares de reais em um único mês. Como é de se imaginar, contudo, esse modelo não é sustentável. O preço do token colapsou e, junto com ele, a base de jogadores do Axie Infinity.

Do outro lado, o fracasso de Illuvium e Star Atlas aconteceu em razão das promessas vazias. Ambos foram anunciados durante um ciclo de alta nos preços dos criptoativos, em 2021, impulsionados pela febre do Axie Infinity. Muito se esperava desses dois jogos mas, até hoje, eles não foram lançados oficialmente.

Quem está de fora, pensa que o mercado morreu. Que os acontecimentos que eu te contei aqui, de fato, foram fracassos. A verdade, entretanto, é outra.

Tentativa e erro

O modelo play to earn do Axie Infinity foi o primeiro a cair nas graças do público, e por razões óbvias. Não existiam casos passados de jogos em blockchain que estouraram a bolha e, como acontece em toda tecnologia nova, os problemas não demoraram a aparecer.

A queda na popularidade do Axie Infinity, porém, serviu como régua para os próximos jogos. É raro ver um jogo que utiliza elementos da blockchain falando em tokens, em dar foco na questão financeira. O erro serviu de aprendizado, e os novos títulos estão surgindo com foco na diversão. O uso da blockchain é cogitado somente para registrar ativos conquistados pelos jogadores.

Não se trata, portanto, de um fracasso. Como dizia o finado artista Bob Ross, este não foi um erro, mas um “acidente feliz”.

Não é padaria

The Last of Us foi um jogo lançado para o PlayStation 3 em 14 de junho de 2013. Ele recebeu o selo “Must Play” do site Metacritic, conquistando 95 pontos em um total de 100.

Mesmo com o sucesso do primeiro jogo, o segundo título da franquia saiu apenas em 19 de junho de 2020. Ou seja, houve um intervalo de sete anos entre um jogo e outro. O meu ponto aqui é: bons jogos não se fazem da noite para o dia.

Illuvium e Star Atlas, anunciados em 2021, realmente não entregaram suas propostas. E esse é o esperado. Estranho seria se um estúdio com poucos desenvolvedores entregasse um jogo, com tudo que foi prometido, em apenas seis meses. Esses jogos não fracassaram, apenas estão acompanhando o andamento do mundo real, diferente das altíssimas expectativas do mercado cripto.

Indústria de jogos para Web3

Mesmo com os ‘fracassos’ dos jogos criados em blockchain, os VCs (sigla, em inglês, para Venture Capital, como são chamados os fundos de capital de risco) aportaram US$ 6 bilhões nesse setor entre 2020 e 2023. E uma coisa que fundos de capital de risco não fazem é jogar para perder.

Três anos já se passaram desde as lições aprendidas pela indústria de jogos para Web3 e o cenário é completamente diferente. Os jogos prometidos estão mais maduros, há mais dinheiro no setor e um ciclo de alta se aproxima. O mercado de jogos em blockchain está pronto para furar a bolha novamente.

Desta vez, contudo, existe uma ampla bagagem do que deve e não deve ser feito. Todos os fatores apontam para uma forte narrativa vinda desse setor da indústria blockchain e, diferente da primeira vez, agora é possível ver os pixels se aproximando no horizonte.