O fluxo de capital estrangeiro na Bolsa jogou a favor da B3, até 30 de março, entraram R$ 64,1 bilhões, volume acima do registrado em todo o ano de 2021
Os ganhos ficaram concentrados em um grupo restrito de ações, de companhias consolidadas, com maior liquidez em Bolsa
Papéis ligados aos setores de tecnologia, varejo on-line e outros atrelados à economia local ficaram para trás
A forte entrada de fluxo estrangeiro, o patamar alto dos juros, a valorização das commodities no exterior e o preço convidativo dos ativos locais foram alguns dos ingredientes responsáveis pela receita de sucesso da Bolsa brasileira no primeiro trimestre.
O Ibovespa, principal índice da B3, fechou o período com valorização de 34,39% em dólar, desempenho muito superior ao de mercados americanos e europeus.
Essa alta supera o tombo registrado em 2021, de 18%, também em dólares. Em reais, houve valorização de 14,48% no ano passado. Mas a festa não foi para todos.
Desempenho das 10 melhores ações da Bolsa no trimestre
Os ganhos ficaram concentrados em um grupo restrito de ações, de companhias consolidadas, com maior liquidez em Bolsa, que tendem a sofrer menos em um cenário de inflação global. São os casos das empresas de commodities e do setor financeiro tradicional.
Enquanto isso, papéis ligados aos setores de tecnologia, varejo on-line e outros atrelados à economia local ficaram para trás.
Desempenho das 10 piores ações da Bolsa no trimestre
Segundo levantamento feito pela Neo Investimentos a pedido do GLOBO, das 91 ações que compõem o Ibovespa, 52 têm desempenho inferior ao índice em reais. Destas, 26 tiveram performance negativa.
A B3 comunicou nesta sexta-feira (1) que promoveu uma revisão em sua metodologia para a divulgação de informações sobre o fluxo de entrada e saída de investidores no mercado de renda variável. Com a alteração dos dados, a entrada líquida de estrangeiros no mercado secundário da bolsa local, que era de R$ 91,1 bilhões no acumulado de 2022, até o dia 30 de março, passou a ser de R$ 64,1 bilhões.
Diferentemente do Brasil, nos mercados desenvolvidos, pesa a preocupação com a intensidade do aperto monetário que o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) começou a fazer. Este mês, o Fed elevou os juros pela primeira vez desde 2018 e já sinalizou mais altas até o fim do ano.