MP-TCU vê finalidade eleitoral e pede à Caixa suspensão imediata de crédito consignado do Auxílio Brasil
O Ministério Público que atua junto ao Tribunal de Contas da União (MP-TCU) pediu que o Tribunal determine à Caixa Econômica Federal a suspensão imediata de oferta de crédito consignado para beneficiários do Auxílio Brasil. De acordo com o subprocurador-geral Lucas Rocha Furtado, o TCU deve tomar uma medida cautelar para impedir a oferta do crédito que, nas palavras do procurador, teria “finalidade meramente eleitoral e em detrimento das finalidades vinculadas do banco”.
Ele aponta que pode haver prejuízo para o banco e também para a “lisura do processo eleitoral”. “Não é desarrazoado supor que o verdadeiro propósito dessas ações, ou pelo menos da forma como elas vêm sendo conduzidas, seja o de beneficiar eleitoralmente o atual Presidente da República e candidato à reeleição”, assinalou o procurador.
Nesta segunda-feira (17), a Caixa informou que já disponibilizou R$ 1,8 bilhão em crédito nos três primeiros dias de oferta a mais de 700 mil pessoas.
“As ações, além de se dar com agilidade inesperada e muito provavelmente de maneira açodada, se organizam de modo a alcançar sobretudo mulheres, parcela do eleitorado na qual o presidente Jair Bolsonaro encontra resistência”, afirmou o procurador no seu pedido, que agora será distribuído para algum ministro do TCU.
Ontem, a presidente da Caixa, Daniella Marques, voltou a negar que as medidas tenham caráter eleitoral. Ela disse que tem autonomia para conduzir o banco e suas ações. Hoje, o banco anunciou a abertura de R$ 1 bilhão em linhas de crédito para mulheres empreendedoras com foco nas que recebem o Auxílio Brasil.
Para Lucas Furtado, “se confirmadas as suspeitas, o fato em tela constituiria ocorrência de extrema gravidade, inclusive com implicações criminais comuns e de responsabilidade, alheias às competências dessa Corte de Contas”. Procurada, a Caixa ainda não se manifestou.
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