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Agronegócio, petróleo, metais… como deve ficar o mercado de commodities em 2025?
Empresas citadas na reportagem:
Em 2025, o que esperar do mercado de commodities no Brasil? Para Régis Chinchila, analista da Terra Investimentos, o país enfrentará um cenário desafiador, com fatores internos e externos influenciando sua dinâmica.
“A vitória de Donald Trump nas eleições presidenciais dos EUA deve intensificar a pressão protecionista. O que pode afetar negativamente as exportações brasileiras, especialmente no setor agrícola e de minerais”, afirma o especialista.
Desse modo, a imposição de tarifas comerciais mais altas poderá dificultar a competitividade das commodities brasileiras nos mercados internacionais. O que pode prejudicar principalmente setores como soja e minério de ferro.
“Por outro lado, o fortalecimento do dólar frente ao real pode gerar um alívio. Isso porque, a valorização da moeda americana tende a aumentar a rentabilidade das exportações brasileiras, principalmente de commodities, tornando-as mais atrativas para o mercado externo”, acrescenta Chinchila.
Mercado de commodities de olho na China
Então, para as commodities agrícolas, é possível prever que o volume de produção deve melhorar marginalmente. “Mas os preços – tirando o milho, que o volume de estoque global junto com safra pode ser um pouco menor –, não têm justificativa para subir”, comenta Fernando Breasciani, analista de investimentos do Andbank.
Em relação aos bovinos, por exemplo, teremos um movimento de alta nos preços da carne, o que já está acontecendo, e deve se manter nesse patamar ainda, podendo, aliás, subir mais um pouco. “E a gente pode ver os preços recuperando, uma vez que os rebanhos da produção de carne bovina e de porcos é menor”, diz o analista.
Já o mercado de commodities metálicas vai depender da economia chinesa. “Afinal de contas, se a China lançar pacotes, e conseguir reativar a economia, a gente pode ver alguma expectativa de melhora a partir de março. Enquanto isso, continuamos vendo o preço do minério no mesmo patamar. E até fevereiro, ele pode cair por conta da baixa atividade que é sazonal e só volta em março”, acredita Breasciani.
Mas de olho nos EUA também
Portanto, no curto prazo, a expectativa é que o potencial impulso à economia chinesa influencie os preços das commodities, de modo geral.
“No entanto, o cenário prospectivo de médio e longo prazo é bastante desafiador neste momento de transição estrutural no país, atrelado a uma conjuntura macroeconômica mundial mais incerta – com preocupações decorrentes da desglobalização e do aumento das tensões geopolíticas, especialmente agora com a eleição de Donald Trump”, pontua Lucas Constantino, estrategista-chefe da GCB Investimentos.
Isso porque, ainda de acordo com Constantino, a China deve ser bastante afetada pelo aumento de tarifas dos Estados Unidos. “Enquanto sofre com questões como a crise imobiliária, a queda de preços, a demanda doméstica enfraquecida, questões demográficas e o elevado endividamento dos governos locais”, acrescenta.
Commodities que devem se destacar em 2025
Diante disso, o petróleo e a carne bovina devem continuar se destacando em 2025, apesar dos possíveis desafios comerciais impostos pela política protecionista de Trump.
“O petróleo deve ser impulsionado pelos riscos geopolíticos, enquanto a carne bovina se beneficia da demanda interna e externa. No entanto, o impacto de tarifas mais altas pode afetar a competitividade do Brasil em mercados-chave, o que poderá moderar os ganhos. O milho e a soja, embora com boas perspectivas de safra, também podem enfrentar pressão de demanda devido ao impacto das tarifas sobre os países importadores”, explica Chinchila.
Petróleo
E quando falamos mais especificamente sobre o setor petroleiro, 2025 será um ano em que as empresas desse segmento devem se beneficiar da alta dos preços do barril, que pode ser sustentada pelos riscos geopolíticos – como dito – e pela recuperação econômica global.
“A política de tarifas comerciais de Trump, embora possa afetar outros setores, não deve ter um impacto significativo sobre o petróleo, que é uma commodity estratégica com demanda global. No entanto, o aumento das tarifas e o aumento da pressão protecionista podem criar um cenário de volatilidade nos mercados globais, o que exige atenção dos investidores”, diz o especialista.
Mercado de commodities: quais empresas ficar de olho?
Tanto para Fernando Breasciani quanto para Régis Chinchila, no setor de petróleo, as empresas como Petrobras (PETR4) e PRIO (PRIO3) merecem atenção em 2025.
“A Petrobras (PETR4), com sua forte capacidade de investimentos, tem um yield interessante, e o governo precisa desse dividendo. Então, a empresa vai pagar e o acionista minoritário consegue também se beneficiar”, comenta Breasciani. Já a PRIO (PRIO3) está em um ciclo de crescimento com novas aquisições e expansão da produção, o que deve levar à valorização das ações
No entanto, o especialista afirma que o aumento das tarifas comerciais globais, impulsionado pelo governo Trump, pode impactar negativamente o mercado de exportações. “O que afeta indiretamente as receitas das empresas, especialmente as do setor agrícola. Mas no geral, essas empresas de petróleo são as mais resilientes em meio a esse cenário”, afirma o analista da Terra Investimentos.
No mercado de commodities das carnes bovinas, claro, os destaques acabam sendo para as empresas conhecidas, como JBS (JBSS3), BRF (BRFS3), Marfrig (MRFG3), entre outros. “Elas se destacam porque o preço continua elevado, são exportadoras e o real está depreciado”, justifica Breasciani.
Sinal de alerta no mercado de commodities
Por outro lado, a luz amarela deve acender em relação às commodities agrícolas, como a soja e o milho, que podem ter um desempenho mais moderado devido às tarifas comerciais mais altas impostas pelos EUA. O que pode, então, afetar a competitividade do Brasil no comércio global.
“O cenário do minério de ferro também deve ser cauteloso, com preços mais baixos e incertezas devido às tensões comerciais”, finaliza Régis Chinchila.
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