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Maior inflação em 40 anos vai exigir atuação incisiva do Fed
Os dados de inflação dos Estados Unidos em junho indicam que o Federal Reserve (Fed, o Banco Central americano) terá mais trabalho do que o esperado para lidar com a alta dos preços.
Os dados divulgados nesta quarta-feira mostram uma inflação de 9,1% em junho, a maior desde 1981. A variação mensal foi de 1,3%. Os números refletem uma alta generalizada dos preços, com os preços da gasolina, habitação e alimentos sendo os principais responsáveis pelo aumento.
Diante dos fatores que elevaram a inflação, e a perspectiva de persistências deles, especialistas avaliam que o Fed terá papel fundamental para domar a alta, tendo que ser ainda mais incisivo com seus aumentos nas taxas de juros.
“A leitura da inflação ultrapassou todas as expectativas e não há dúvidas de que o Fed terá que ser ainda mais agressivo”, disse Naeem Aslam, analista da corretora AvaTrade.
A leitura é compartilhada por Steven Blitz, da consultoria TS Lombard, que lembrou da promessa do Fed de que a inflação nos EUA teria “pouso suave”, e disse que os dados de junho não permitem mais isso.
“O Fed vai chegar a uma taxa de juros de 4%, e tentará chegar até lá o mais rápido possível. Isso é o mínimo, e acho que vão chegar nesse patamar até o final do ano”, disse Blitz.
Os juros americanos atualmente são de 1,5%, e o Fed ainda tem mais quatro reuniões para definir novas taxas até o final do ano.
Para chegar a uma taxa de 4%, os próximos aumentos do Fed terão que ser mais agressivos do que antes.
“O compromisso ‘incondicional’ do Fed com a inflação mais baixa levará as autoridades a continuarem a antecipar os aumentos das taxas”, disse Kathy Bostjancic, economista chefe para os EUA da Oxford Economics. “Estimo que o Fed vai elevar os juros em 0,75 ponto porcentual em cada uma das reuniões de política monetária que vão acontecer em julho e em setembro, uma vez que a inflação deve permanecer firme e elevada.
Ela afirma que a alta da inflação pode ser explicada pela junção de fatores como a alta demanda de consumidores, um mercado de trabalho aquecido, cadeias de suprimentos insuficientes e os altos preços de gasolina e alimentos por conta da guerra da Ucrânia.
Apesar da maior inflação em mais de 30 anos em junho, o mês seguinte pode ver a alta arrefecer, já que os grandes motores da inflação não devem continuar tão persistentes.
A inflação de junho foi puxada por uma alta de 11,2% nos preços dos combustíveis e um aumento de 1% nos preços de alimentos, algo que não deve continuar, segundo Ian Shepherdson da Pantheon, empresa de análise de mercado.
“Esse será o último grande aumento [nos preços de combustíveis e alimentos]”, disse Shepherdson em nota sobre os dados da inflação americana.
“Os preços da gasolina estão caindo neste mês” e os custos com alimentos devem cair na segunda metade do ano “diante da tendência de baixa das commodities nas últimas semanas”, disse o economista.
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