Juros futuros sobem após decisão do Fed e à espera do Copom

Os juros futuros encerraram em alta o pregão desta quarta-feira, dia de decisão do Federal Reserve (Fed) e do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central. O BC americano adotou uma comunicação que foi lida como mais conservadora pelos investidores, o que pressionou a curva de juros nos Estados Unidos, com impacto sobre as taxas domésticas. Tanto os rendimentos dos Treasuries quanto os juros futuros saíram das máximas intradiárias durante a coletiva de imprensa do presidente do Fed, Jerome Powell. No entanto, diante da expectativa para o Copom, o mercado local seguiu pressionado até o fim da sessão.

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) com vencimento de janeiro de 2026 encerrou o pregão em alta de 15,145%, do ajuste anterior, a 15,18%; a do DI de janeiro de 2027 subiu de 15,305% para 15,375%; a do DI de janeiro de 2029 avançou de 15,06% a 15,115%; e a do DI de janeiro de 2031 aumentou de 15,015% para 15,06%.

Perto do horário de fechamento do mercado brasileiro, a taxa da T-note americana de dez anos exibia leve alta de 4,538% para 4,552%, distante da máxima de 4,595%.

O Fed chancelou a expectativa praticamente unânime do mercado ao manter a taxa dos Fed funds no intervalo de 4,25% a 4,5%. No entanto, a menção do comunicado da decisão a um mercado de trabalho “sólida” e uma inflação “que se mantém elevada”, retirando da comunicação oficial as avaliações de que o mercado de trabalho arrefeceu e que houve progresso nos preços em direção à meta de 2%.

Desta forma, o comunicado foi entendido como mais conservador do que a comunicação oficial recente do BC americano, levando a uma pressão generalizada na curva dos Treasuries, o que contaminou os negócios no pregão doméstico.

Os comentários de Jerome Powell, contudo, arrefeceram o temor do mercado, à medida que o presidente do Fed disse que as mudanças no comunicado ocorreram apenas para que o texto ficasse mais “limpo”. Segundo ele, o Fed não precisar esperar a inflação chegar à meta para voltar a cortar juros.

Ainda que a pressão sobre os Treasuries tenha arrefecido, os juros futuros mantiveram-se em alta firme, em especial na ponta curta da curva a termo, em um sinal de cautela antes da decisão de juros do Copom, que será divulgada por volta de 18h30.

O colegiado deve seguir a orientação dada no comunicado da decisão de dezembro e elevar a taxa Selic em 1 ponto percentual, para 13,25%. Com o movimento dos juros dado como certo, o foco ficará sobre a comunicação da autarquia e potenciais indicações para as reuniões futuras.

Com a recente deterioração das expectativas de inflação, o cenário-base da maior parte do mercado é de continuação do ciclo de aperto monetário para além das duas primeiras decisões de 2025. Para os economistas Alexandre de Azara, Fabio Ramos e Rodrigo Martins, do UBS BB, o Copom deve reiterar o “forward guidance” de março no comunicado de hoje, mas isso não significará que o ciclo de alta de juros se encerrou.

“Um aspecto importante dessa decisão é que o fato de não sinalizar para duas reuniões adiante não significa que não haverá altas. Significa somente que o Copom não sabe com o mesmo nível de certeza o ritmo provável de um aumento de juros em maio. Assim, acreditamos que ele indicará que qualquer aperto adicional dependerá dos dados”, afirmam os economistas do UBS BB, que passaram a projetar mais uma elevação de 1 ponto, para uma Selic de 15,25% no fim do ciclo de aperto monetário.

*Com informações do Valor Econômico

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