Sem novidades sobre os próximos passos do governo de Donald Trump nos Estados Unidos e em um dia de agenda local esvaziada, os juros futuros apagaram boa parte do avanço das primeiras horas de negócios e fecharam o pregão em alta modesta, com a ponta curta da curva a termo em leve queda e alguma pressão que persistiu nos vértices de prazo mais longo. Apesar da volta do mercado de Treasuries após o feriado do Dia de Martin Luther King Jr. nos Estados Unidos, a sessão desta terça-feira novamente foi de liquidez reduzida, à medida que o mercado aguarda por sinalizações mais claras sobre o cenário externo e doméstico.
Com isso, a taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) com vencimento em janeiro de 2026 fechou em leve queda de 14,945%, do ajuste anterior, para 14,925%; a do DI de janeiro de 2027 avançou de 15,14% para 15,155%; a do DI de janeiro de 2029 subiu de 14,995% para 15,02%; e a do DI de janeiro de 2031 teve alta modesta de 14,99% a 15,00%.
Nos Estados Unidos, as taxas dos Treasuries precificaram a ausência do anúncio de tarifas a importações no início do governo Trump, e o rendimento da T-note de dez anos recuava de 4,63% a 4,571% perto do horário de fechamento do mercado no Brasil.
As taxas domésticas até ensaiaram um ajuste após o amplo alívio da sessão anterior, com a ponta longa da curva a termo subindo mais de 10 pontos-base (ou 0,1 ponto percentual) nas máximas intradiárias. No entanto, o bom desempenho do real, na contramão de moedas pares, e a ausência de novidades na política comercial americana retiraram a pressão do início do dia, mesmo depois de sinalizações mais agressivas de Trump após o seu discurso de posse.
Enquanto respondia a perguntas da imprensa na noite de ontem, Trump voltou a afirmar que pretende sobretaxar o México e o Canadá em cerca de 25%, e que pode mirar medidas específicas contra os países do Brics, caso a aliança comercial deixe de usar o dólar para as suas transações.
Apesar dos potenciais desafios trazidos pelo governo Trump, os estrategistas David Hauner e Raghav Adlakha, do Bank of America, acreditam que os mercados emergentes já precificaram a maior parte dos riscos relacionados aos Estados Unidos e, por isso, enxergam espaço para que surpreendam positivamente este ano. Segundo eles, as moedas emergentes estão subvalorizadas de acordo com a medida de preço justo do BofA, enquanto que no campo do juros há oportunidades diante da expectativa por uma política monetária mais conservadora por parte dos bancos centrais.
Nesse sentido, o Brasil se destaca, de acordo com Hauner e Adlakha, já que a precificação atual do mercado para a taxa Selic no fim de 2025 é bem mais alta do que a projeção dos economistas do BofA, que esperam que os juros básicos terminem o ano no nível de 13,25% — cerca de 300 pontos-base abaixo da precificação atual retirada da curva de juros futuros.
“Brasil, Chile, Colômbia e Hungria são os mercados de juros em que as nossas projeções para o final de 2025 são mais otimistas em relação à precificação. Eles também têm spreads altos em relação às taxas dos EUA, refletindo o impacto da força do dólar sobre o prêmio de risco nesses mercados”, escrevem Hauner e Adlakha em relatório.
Sem grande repercussão para os negócios nesta terça-feira, o leilão de títulos atrelados à taxa Selic (LFT) e ao IPCA (NTN-B) novamente teve boa aceitação do mercado mesmo com uma oferta robusta de 1,8 milhão de NTN-B. Ao todo, o Tesouro Nacional vendeu cerca de 97% do volume ofertado, mas as taxas pagas ao mercado na venda de NTN-B subiram em relação ao último leilão da modalidade — apesar de se manterem abaixo da marca de 8%.
*Com informações do Valor Econômico
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