Geração de energia de Itaipu para o Brasil é a menor da história em 2024

Apenas 46,3 mil gigawatts-hora (GWh) foram entregues aos consumidores brasileiros, o que representa 69,4% do total produzido pela usina de Itaipu

Em 2024, a hidrelétrica de Itaipu registrou a menor geração de energia para o Brasil desde o início de sua operação plena, em 1992.

Apenas 46,3 mil gigawatts-hora (GWh) foram entregues aos consumidores brasileiros, o que representa 69,4% do total produzido pela usina.

Os consumidores paraguaios receberam 20,4 milhões de MWh, equivalente a 30,6% da geração.

Considerando a produção total de 2024, a usina gerou 67 milhões de MWh, o segundo pior ano da história.

Atrás apenas de 2021, ano da pior crise hídrica dos últimos 91 anos.

A usina iniciou suas operações em 1984 e alcançou sua capacidade plena de 18 unidades geradoras em 1992.

Entre 2006 e 2007, foram instaladas mais duas turbinas.

Apesar de receber uma parcela menor da energia gerada, 69,4%, os brasileiros arcaram com 80,5% dos custos totais da usina, que somaram US$ 2,87 bilhões.

Enquanto os consumidores paraguaios contribuíram com 19,5% dos custos e receberam uma quantidade proporcionalmente maior de energia, 30,6%.

Em energia, essa diferença representa 7,4 milhões de MWh.

Valor de energia previsto em contrato não foi cumprido

Se a energia recebida correspondesse ao mesmo percentual pago, essa diferença seria suficiente para abastecer 4 milhões de residências populares no Brasil.

Além disso, a hidrelétrica não cumpriu os 75 milhões de MWh, valor de energia garantida previsto em contrato anual.

Especialistas têm dito que a origem do problema está no fato de que o Paraguai contrata de Itaipu menos energia do que efetivamente consome.

Com isso, lançando mão da parte que, por contrato, cabe ao Brasil.

Isso tem ocorrido porque a Administração Nacional de Eletricidade (Ande), estatal responsável pela gestão de energia naquele país, tem subcontratado volumes de energia de Itaipu para atender a demanda do mercado paraguaio.

É o chamado “acordo operativo”, que foi renovado para o triênio 2024-2026 pelo governo brasileiro.

Itaipu tem capacidade instalada de 14 mil megawatts (MW) e já chegou a superar a mega usina chinesa de Três Gargantas (22 mil MW) em produção anual em 2026, quando produziu mais de 103 milhões de MWh, porém nos últimos anos vem produzindo menos energia.

O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) é o órgão privado responsável pela coordenação e controle da operação das instalações de geração e transmissão de energia elétrica no Sistema Interligado Nacional (SIN) e pelo planejamento da operação dos sistemas isolados do país.

Ele determina o despacho das usinas.

Respostas do ONS sobre Itaipu

Questionado, o órgão disse em nota que a evolução da matriz energética elétrica brasileira, cuja grande parte da geração que era atendida historicamente por hidrelétricas e térmicas, têm indicado o aumento da contribuição de novas fontes.

Essas últimas tiveram seu percentual de participação na matriz aumentado, tais como gerações eólicas e solares.

Além disso, houve aumento da parcela oriunda da micro e minigeração distribuída (MMGD).

“Especificamente sobre Itaipu, a política operativa tem sido direcionada para o atendimento da carga pesada e para o controle de potência em horários de ponta devido à sua grande capacidade de geração, sendo uma das usinas que auxiliam no atendimento à ponta de carga o ano inteiro. Todavia, destaca-se que o ano de 2024 foi um ano no qual verificou-se uma condição hidrológica bastante desfavorável para a usina, sendo a geração dela reflexo disso.”

ONS fala em variação do perfil de geração de Itaipu

O ONS destacou que, como uma usina binacional, o perfil de geração de Itaipu pode variar conforme o balanço energético do Paraguai.

Em nota, Itaipu disse que, assim, atendeu integralmente os requerimentos energéticos dos sistemas brasileiro e paraguaio no ano de 2024.

“Como em qualquer usina hidrelétrica, a produção de energia em Itaipu depende de 4 fatores: água, unidades geradoras, sistema de transmissão e consumo de energia. Desses, somente a disponibilidade das unidades geradoras encontra-se sob controle da empresa. Destaca-se que, em 2024, esse índice atingiu 97,28% – valor superior à média histórica. A produção das usinas hidrelétricas brasileiras no ano de 2024 foi afetada pela intensa estiagem que atingiu grande parte das bacias hidrográficas do país. De acordo com o Centro Nacional de Monitoramento e Alerta de Desastres Naturais (Cemaden), a estiagem observada foi uma das mais abrangentes e intensas registradas desde 1950.”

A empresa ressalta que, de acordo com o estabelecido no Tratado de Itaipu, a remuneração da binacional é pela disponibilização de sua potência às Entidades Compradoras (ENBPar e Ande).

No entanto, sobre não ter cumprido a produção mínima de 75 milhões de MWh previstos em contratos, a empresa não respondeu.

(*Colaborou Fábio Couto, do Rio)

Com informações do Valor Econômico

Leia a seguir

Leia a seguir