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Inflação teimosamente alta nos EUA torna razoável apostas por mais dois aumentos de juros até o fim de 2023, dizem dirigentes do Fed
A dirigente do Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA) de São Francisco, Mary Daly, disse na segunda-feira (10) que é cedo para comemorar o fim da inflação alta nos EUA. Segundo ela, as projeções que defendem mais dois aumentos de juros pela autoridade monetária até o fim de 2023 são “realistas e razoáveis”. O aperto monetário, segundo Daly, aparenta estar na etapa final. A próxima reunião para decisão de juros nos EUA acontece em 26 de julho.
Diferentemente do Banco Central do Brasil, que possui uma estrutura central em Brasília, apesar das nove regionais espalhadas pelo país, o Fed é composto por 13 unidades, incluindo a sede em Washington, que possuem presidentes (dirigentes) autônomos. Essas unidades oferecem serviços bancários para os bancos comerciais, como distribuição de moeda e empréstimos para instituições financeiras.
Daly ponderou que a demanda e a oferta ainda não estão necessariamente equilibradas nos EUA, e que os preços de insumos não têm aumentado tanto, indicando uma inflação ao produtor mais baixa.
A dirigente explicou que o grande aperto monetário presenciado no último ano mostra que o Fed se equivocou quanto à velocidade de transmissão da política monetária, e que as questões bancárias e a pandemia enfrentadas pela instituição mostram que o aumento de juros não gera uma resposta tão forte quanto costumava gerar.
Daly também explicou que, mesmo após o estresse bancário enfrentado pelos EUA a partir de março, as condições de crédito não ficaram tão apertadas quanto o esperado pelo Fed, e coube aos bancos menores a maior restrição ao crédito, enquanto os grandes bancos não sentiram impactos tão grandes.
Porém, segundo ela, pode se tratar de um atraso e os americanos podem lidar com as consequências do menor acesso ao crédito nos próximos meses.
Economia resiliente
Para Loretta Mester, presidente do Fed de Cleveland, a economia dos EUA está mais resiliente do que antecipado no ano passado. No entanto, segundo ela, as ações tomadas na política monetária estão ajudando a controlar a demanda, enquanto dados apontam para uma melhora no lado da oferta.
Mester destacou que o mercado de trabalho, apesar de apresentar uma desaceleração no lado da demanda, segue robusto. “Entretanto, essas condições não são necessariamente um problema. Na verdade, elas fornecem uma base para um cenário em que a inflação recua para 2% sem recessão”, disse.
Ainda, Mester destacou que a inflação de bens e serviços permanece alta, e que gastos com consumo estão sendo particularmente resilientes em 2023, apesar da expectativa de que a inflação caia mais este ano e que as projeções estão “razoavelmente” ancoradas com a meta.
“Vemos menos progresso no núcleo da inflação”, avaliou. “Atualmente, o núcleo indica que a inflação está teimosamente alta”.
Com informações do Estadão Conteúdo
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