Carta do BC para explicar inflação acima da meta cita depreciação cambial, clima e expectativas desancoradas
O presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, publicou hoje uma carta aberta encaminhada ao ministro da Fazenda e presidente do Conselho Monetário Nacional (CMN), Fernando Haddad, na qual explica os fatores que levaram a inflação a terminar o ano de 2024 em 4,83%, acima do teto da meta.
Ele afirma que a inflação estourou o teto da meta devido aos seguintes fatores: ritmo forte de crescimento da economia; depreciação cambial e questões climáticas, em contexto de expectativas de inflação desancoradas e inércia da inflação do ano anterior.
Já no sentido contrário, colaborou para reduzir a inflação observada a queda do preço internacional do petróleo no segundo semestre de 2024.
No entanto, a meta de inflação era de 3%, com intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual (p.p.) para mais ou para menos.
A alta de 4,83% do IPCA em 2024 também ficou acima da taxa de 2023 (4,62%).
Isso de acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgados hoje.
Outros destaques da carta
Ainda na carta, o presidente do BC destaca que a pressão inflacionária envolveu os diferentes segmentos que compõem o IPCA.
No entanto, com “pressão mais localizada em serviços e administrados”.
No caso de serviços, a inflação foi “particularmente pressionada por fatores inerciais e atividade econômica”.
Já nos administrados, a maior contribuição nesse segmento “adveio da elevação dos preços de gasolina (9,70%)”.
Além disso, seguido pelas “taxas de inflação de planos de saúde (7,88%) e de produtos farmacêuticos (5,96%)”.
Na carta, ele também pontua que a inflação importada contribuiu com 0,72 ponto do IPCA acima da meta.
Já a inércia de 2023 contribuiu, assim, com 0,52 ponto para o estouro da meta.
Por fim, o hiato do produto contribuiu com 0,49 ponto do IPCA acima da meta, enquanto a diferença entre as expectativas de inflação dos agentes, medidas pela pesquisa Focus, e a meta para a inflação teve um peso de 0,3 ponto para estouro da meta.
A carta de Galípolo divulgada nesta sexta-feira é a oitava escrita por um presidente de Banco Central, desde a instituição do regime de metas de inflação, em 1999.
A mais recente foi publicada em janeiro de 2023, por Roberto Campos Neto.
Ela foi feita para explicar quando a inflação terminou o ano de 2022 em 5,79%, acima do teto de 5%.
Com informações do Valor Econômico
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