Superávit recorde de 2024 não foi maior por causa das novas importações

Estudo do FGV-Ibre mostra como o aumento no volume de importações reduziu o superávit comercial, o segundo maior da série histórica

Estudo do FGV-Ibre divulgado nesta quarta-feira (22) aponta que o volume de importações no Brasil em 2024 foi o principal responsável pela queda do superávit da balança comercial.

Em 2023, o superávit havia sido de US$ 98,9 bilhões. Agora, em 2024, a relação entre exportações e importações foi positiva em US$ 74,6 bilhões para o Brasil.

O FGV-Ibre destaca que foi “o comportamento dos volumes dos fluxos comerciais mais do que os preços que determinaram a redução do superávit comercial”.

Enquanto a passagem de 2022 para 2023 registrou queda de 2,2% no volume de importações, o recorte 2023/2024 apresentou alta robusta: 15,8%. 

Indústria de transformação concentra importações no Brasil

Nesse sentido, a concentração das importações está na indústria de transformação. O aumento nesse setor foi de 16,3%.

O maior aumento percentual foi do agronegócio: alta de 31,6%. Ainda assim, essa elevação pouco acrescenta em termos gerais porque o setor responde por apenas 2,1% das importações gerais.

Por outro lado, a indústria de transformação responde por 92% do total das importações em 2024.

Importações na indústria: participação por tipo de bem

TipoParticipação
Bens intermediários65,3%
Bens de capital17,6%
Bens duráveis de consumo4,9%
Bens não duráveis de consumo9,1%
Bens semi-duráveis3,1%

Exportação de commodities

O volume de exportações brasileiras de commodities segue crescendo, apesar da desaceleração. Após aumento de 14%, em 2023, o resultado de 2024 foi de +4,1%.

Por outro lado, os preços das commodities não têm alta consistente. Há comportamento mais volátil e depois do pico de 2022, com alta de 13,9%, a evolução dos preços das commodities foi negativa em 2023 e 2024.

Os preços recuaram 17,3% e 7,8% em 2023 e 2024, respectivamente.

Segundo maior superávit mesmo com aumento das importações no Brasil

Ainda assim, o governo divulgou que o Brasil teve o segundo maior superávit da série histórica, atrás apenas do registrado em 2023, que foi de US$ 98,9 bilhões. As exportações totalizaram US$ 337 bilhões, enquanto as importações somaram US$ 262,5 bilhões. 

As importações acabaram concentradas no setor de transformação. Contudo, o País também amplia as exportações no setor. 2024 registrou recorde de exportação de US$ 181,9 bilhões na indústria de transformação, maior valor desde o início da série histórica (1997).

“O MDIC tem atuado em projetos tanto para estimular a produção da indústria quanto para colocar o País em outro patamar de comércio exterior”.

A afirmação é do vice-presidente e ministro do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, em comunicado. O ministério espera que o superávit de 2024 coloque o Brasil entre os dez maiores do mundo.

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