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IBGE: Rendimento do 1% mais rico é 38,4 vezes o dos 50% mais pobres no Brasil
Em 2021, o rendimento médio do 1% da população que ganha mais era 38,4 vezes maior que o rendimento médio dos 50% que ganham menos. Essa diferença piorou em relação a 2020. Naquele ano, o primeiro da pandemia, o rendimento médio mensal das pessoas do grupo de 1% com melhor rendimento correspondia a 34,8 vezes o rendimento dos 50% com os menores rendimentos. A mostra da desigualdade brasileira é parte da pesquisa Rendimento de Todas as Fontes — 2021, divulgada nesta sexta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Essa piora na concentração da renda nas mãos do grupo dos mais ricos ocorrida em 2021 se deu depois de um ano de 2020 em que tinha ocorrido justamente o contrário. Naquele ano, a participação das outras fontes de renda ganhou espaço na composição do rendimento domiciliar, sobretudo por causa do pagamento do auxílio emergencial. Isso permitiu, portanto, uma redução da desigualdade. Agora, em 2021, acontece um retrocesso desse movimento.
Ao longo da série histórica da pesquisa, iniciada em 2012, esta razão entre o rendimento médio do 1% com mais ganhos e o do grupo dos 50% com menor renda mostrou trajetória de redução de 2012 (38,2 vezes) até 2014 (33,5 vezes). A partir daí, começou a crescer em 2015 — o primeiro dos dois anos de recessão econômica daquele período — e seguiu nesta tendência até alcançar o pico da série em 2019 (39,8 vezes).
O levantamento do IBGE mostra ainda que, na comparação entre 2020 e 2021, houve recuo do rendimento domiciliar per capita médio em todas as classes de rendimento, mas com maior intensidade no grupo dos 50% mais pobres, onde as perdas ficaram acima dos 10%. Quanto menor a renda, mais intensa foi a retração. No grupo de 5% mais pobres, essa redução foi de mais de 30%.
“Os mais pobres perderam bastante em termos de renda. Os grupos com menor rendimento tiveram perdas importantes. Quem estava no grupo de 1% de maiores rendimentos também teve perda. Mas como a metade com menor rendimento teve redução mais importante, houve aumento da desigualdade”, explica a analista do IBGE Alessandra Saraiva Brito.
Ela explica que o mercado de trabalho começou a se recuperar em 2021, mas o rendimento do trabalho não acompanhou tanto, já que muitos dos trabalhadores que se reinseriram no mercado o fizeram com renda menor, especialmente no caso dos informais. Além disso, as mudanças no formato e nos valores do auxílio emergencial afetaram mais essa população de mais baixa renda.
“Esse colchão [de recursos do auxílio emergencial] que segurou a barra em 2020 começou a ser retirado em 2021 e afetou bastante a metade da distribuição. Então, tem um efeito de auxílio emergencial, mas também um efeito trabalho e um efeito da inflação. São vários fatores que contribuíram”, afirma ela, citando o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de 10,06% em 2021.
Em termos regionais, observou-se que o Nordeste apresentou a maior razão (43,7 vezes), seguido pelas regiões Norte (36,2 vezes) e Sudeste (34,8 vezes), ao passo que a Sul continuou a apresentar a menor razão (22,6 vezes). “A região Sul é a menos desigual, mas ainda é uma desigualdade importante”, nota ela.
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