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‘Mercado pode estar muito otimista com a expectativa de queda da inflação’
O economista-chefe do Citi para os EUA, Andrew Hollenhorst, acredita que o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) vai precisar ainda agir muito para desacelerar a economia e devolver a inflação de volta à meta. “O mercado pode estar muito otimista com a expectativa de um declínio suave da inflação”, disse ele em entrevista ao Valor, após o Fed divulgar sua ata da reunião de política monetária ocorrida em 27 de julho. De lá para cá, dados de inflação e do PIB americano mostraram que a economia está desacelerando, mas o mercado de trabalho permanece bastante aquecido.
“As condições financeiras afrouxaram, a atividade parece marginalmente mais forte e as pressões inflacionárias parecem mais bem definidas, principalmente nos salários”, disse o economista. Para ele, isso deve manter o Fed focado na inflação. Hollenhorst avalia que existe um risco de que a conferência do banco central em Jackson Hole – o encontro anual das autoridades do Fed que ocorre entre 27 e 29 de agosto – traga um sentimento mais altista em relação aos juros, o que, segundo ele, deve ocorrer também na reunião do comitê de política monetária de setembro. “Esperamos uma alta de 0,75 ponto percentual em setembro”, disse.
Hollenhorst afirma que a ata do Fed não trouxe surpresas que possam mudar a narrativa em curso. “A ata mostrou que as autoridades do Fed irão permanecer dependentes de dados com a resolução de reduzir a inflação”, embora permaneçam preocupados em não criar um aperto excessivo e uma desaceleração desnecessária do crescimento.
O economista acredita que o mercado ficou otimista com a queda registrada na inflação de julho, o CPI, que em base anual ficou em 8,5%, desacelerando em relação aos 9,1% registrados em junho. Segundo ele, o núcleo da inflação também veio abaixo do esperado em julho – 5,6% na base anual ante expectativa de 6,1%. “Mas isto deveu-se aos preços de passagens aérea, reservas de hotéis e carros usados e não são indicativos de uma desaceleração mais ampla”, explica.
“Os preços mais baixos de energia reduzirão a inflação cheia, mas vemos poucos motivos para pensar que o núcleo da inflação irá voltar para meta sem uma maior desaceleração significativa na economia e um crescimento da taxa de desemprego”, disse Hollenhorst.
Enquanto os futuros dos Fed funds apontam uma taxa terminal de 3,5% já em junho de 2023 e uma redução dos juros a partir de julho, Hollenhorst vê motivos para acreditar que as taxas terminais precisarão ser maiores – e elas precisarão ser mantidas elevadas por um período maior do que o mercado está precificando. “A inflação subjacente, por várias medidas, está acima de 4% e provavelmente acima de 5%. As taxas de juros da política monetária precisariam se aproximar desses níveis para alcançar um cenário neutro, e ainda mais para entrar em território restritivo”, afirma.
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