‘É justo questionar juros altos e é importante alguém fazer isso no governo’, diz presidente do BC
O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, disse na manhã desta terça-feira que “o governo está na direção certa”, ao falar que é possível “fazer um fiscal responsável com parte social”.
De acordo com o presidente do BC, “é justo questionar os juros altos”.
“É importante ter alguém no papel de fazer isso sempre no governo”, afirmou, durante o BTG CEO Conference. Ele repetiu o que disse ontem em entrevista ao programa Roda Viva, da TV Cultura, que “é papel do BC esclarecer” o motivo da alta dos juros.
“Quanto mais fortes são as instituições, mais intenso pode ser esse debate sem afetar [o mercado]”, disse o presidente o BC. Ele afirmou que é preciso priorizar gastos, e disse já ter conversado sobre o tema com a ministra do Planejamento, Simone Tebet. “A conversa foi muito boa.”
O presidente do BC disse que “uma coisa que pressiona nossa taxa de juros neutra é ter uma poupança tão baixa”. Ele também disse que havia “um tema ambiental [que impactava fluxo de recursos para o país]”. “É primeira vez nesse ciclo inflacionário que Brasil descola um pouco”, afirmou, ao também dizer que, no Brasil, “parece que deu uma melhorada na margem, mas teve esse [aumento do] prêmio de risco.”
Campos Neto repetiu que a autonomia do BC “é muito importante”, e falou que não é sobre ele, e sim sobre “um ganho institucional”. Segundo o presidente do BC, há “um pouquinho de conflito de interesse em você determinar a sua própria meta”.
A meta de inflação é definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), do qual participam o ministro da Fazenda, a ministra do Planejamento e o próprio Campos Neto. “Princípio de separação tem sido muito importante”, disse. “Meta de inflação não é um instrumento de política monetária; instrumento são juros.”
Campos Neto disse ainda que o Brasil “fez várias reformas que vão trazer capital”. “Precisamos ter um pouco de boa vontade”, destacou.
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