Desemprego cai para 8,9% em agosto, menor patamar em sete anos
A taxa de desemprego no país caiu para 8,9% no trimestre encerrado em agosto e atingiu o menor patamar desde o trimestre encerrado em julho de 2015, há sete anos, quando ficou em 8,7%. Isso significa que há 9,7 milhões de brasileiros que procuram uma oportunidade, menor nível desde novembro de 2015. Ao mesmo tempo, o contingente de pessoas ocupadas chegou ao recorde de 99 milhões.
Mas há uma precariedade em parte dos empregos conquistados: há 13,2 milhões de trabalhando sem carteira assinada no setor privado, maior nível da série histórica, iniciada em 2012. O total de trabalhadores informais também atinge seu pico: 39,3 milhões de brasileiros estão nesta condição.
Os dados fazem parte da Pnad Contínua (Pesquisa por Amostra de Domicílios Contínua) e foram divulgados nesta sexta-feira pelo IBGE.
Economistas ponderam que a Pnad Contínua apontou resultados positivos diante da continuidade da expansão do emprego formal e da população ocupada, hoje recorde de quase 100 milhões. Mas o ritmo de geração de postos de trabalho no terceiro e quarto trimestre do ano tende a desacelerar em relação aos trimestres anteriores.
Claudia Moreno, economista do C6 Bank, avalia que a taxa de desemprego deve cair para 8,7% até o fim do ano, mas a trajetória começa a se inverter a partir do ano que vem por conta dos efeitos dos juros altos e da desaceleração global.
“Projetamos que a taxa de desemprego volte a subir e termine 2023 em 9,5%”, diz Moreno.
Étore Sanchez, economista-chefe da Ativa Investimentos, prevê que já no fim deste ano os efeitos da política monetária mais austera faça o desemprego voltar a subir.
A XP calcula que a taxa de desemprego encerre o ano em 8,5%, na série com ajuste sazonal. Segundo Daniel Duque, pesquisador Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (Ibre/FGV), este percentual estaria dentro da chamada taxa de desemprego de equilíbrio, que no Brasil beira entre 7,5% e 8,5%. Ou seja, a tendência é de uma acomodação do indicador nos próximos meses.
Além dos juros, outro fator que pode fazer com que a taxa de desemprego volte a subir no ano que vem é o aumento da taxa de participação, que mede a parcela da população em idade de trabalhar que está empregada ou procurando trabalho.
Duque, do FGV Ibre, explica que boa parte da queda do desemprego está relacionada não só com a geração de vagas, mas com a saída de pessoas força de trabalho e que pós-pandemia ainda não retornaram a busca por oportunidades. Só entra para a estatística de desemprego do IBGE quem não estava trabalhando no período da consulta, mas procurou trabalho nos 30 dias anteriores.
“A queda do desemprego foi bastante beneficiada pelo aumento do valor do Auxílio Brasil de R$ 400 para R$ 600. Houve uma redução da força de trabalho no período. Para frente vai depender muito de como o atual ou o novo governo irá conduzir os programas sociais, mas devemos ver uma recuperação da força de trabalho que deve pressionar a taxa de desemprego”, afirma Duque.
Expansão da informalidade
Adriana Beringuy, coordenadora da pesquisa do IBGE, afirma que o mercado de trabalho seguiu no período de junho a agosto o fluxo de recuperação dos postos de trabalho que vem ocorrendo ao longo do ano. Ela pondera, contudo, que o recente aumento do emprego com carteira não inibe a expansão da informalidade, que cresce no país desde o final de 2020 – saindo de 31 milhões para 39,3 milhões em um ano.
Entre as atividades que registraram aumento na ocupação estão o setor de comércio, que adicionou 566 mil pessoas ao mercado de trabalho; a administração pública, com mais 488 pessoas; e o segmento de outros serviços, onde houve incremento de 211 mil trabalhadores.
Leia a seguir