“Só depende de você”. “Você vai renunciar?” Essas foram algumas das frases ouvidas por José Mauro Coelho, presidente da Petrobras, durante a última reunião do Conselho de Administração da Petrobras, realizada na quarta-feira na sede da estatal, no Centro do Rio de Janeiro, marcada para tratar de investimentos da empresa.
Depois de diversas tentativas frustradas por parte do governo para que o executivo, que assumiu a estatal em abril, renunciasse ao posto, agora parte dos integrantes do Conselho de Administração da Petrobras é que está “pressionando” Coelho a pedir demissão do cargo.
Quem estava na reunião classificou a situação como “constrangedora”. Isso porque o encontro do conselho havia sido marcado dias antes para discutir apenas o plano de negócios da companhia, que deve ser divulgado no fim deste ano e vai definir as estratégias da estatal para os próximos anos.
Segundo fontes, durante esse encontro, um conselheiro interrompeu o assunto em discussão e perguntou a Coelho sobre uma possível renúncia ao comando da estatal, ideia apoiada por outros três membros, dos quais dois indicados pelos minoritários.
Coelho ficou em silêncio e visivelmente constrangido com as indagações. Uma outra fonte classificou o atual presidente como uma pessoa séria e calma, o que ajudou a não exaltar os ânimos durante o encontro.
Uma renúncia de Coelho abreviaria os trâmites para a troca da cúpula da estatal determinada pelo presidente Jair Bolsonaro, insatisfeito com os reajustes dos combustíveis.
Ontem, o governo apresentou as suas indicações para a renovação do Conselho de Administração da Petrobras. Entre os nomes está o de Caio Paes de Andrade, secretário de Desburocratização do Ministério da Economia, escolhido para suceder Coelho. Ser eleito para o colegiado é um pré-requisito para comandar a estatal.
Por Bruno Rosa, O Globo — Rio de Janeiro