A importância da representatividade na economia e no mercado financeiro

No mês da Consciência Negra e do Empreendedorismo Feminino, falamos sobre a representatividade e os impactos na economia

Novembro é para mim um mês emblemático, que celebra tanto a Consciência Negra quanto o Empreendedorismo feminino, dois movimentos significativos e em ascensão no cenário atual, dos quais eu tenho orgulho de pertencer!

Não apenas isso. Ao ver a jornada que estou traçando em minha vida, sinto orgulho em perceber que a minha trajetória ajuda a construir representatividade por onde tenho passado.

Mas, o que é representatividade?

Enquanto conceito, ela fundamenta-se no princípio de que as vozes e demandas dos grupos minorizados, frequentemente marginalizados na sociedade, sejam reconhecidas, valorizadas e incorporadas tanto em esferas formais quanto informais.

A representatividade implica, ainda, na inclusão e equidade, garantindo que indivíduos de diferentes origens, identidades, culturas, gêneros e orientações sejam representados de forma justa em todos os ambientes.

Então, nada mais justo, que neste mês de novembro minhas colunas falem sobre estes temas.

Fique aqui e me acompanhe…

Novembro: um mês e duas reflexões possíveis

No mês de novembro, há duas celebrações que trazem reflexões sobre a importância da representatividade na sociedade e, logicamente, na economia e no mercado financeiro que fazem parte da sociedade e representam papéis importantes para seu desenvolvimento.

No dia 19 de novembro de 2014, a Organização das Nações Unidas (ONU) criou o Dia do Empreendedorismo Feminino para promover a equidade de gênero, pois o empreendedorismo faz com que as mulheres assumam papéis de protagonismo.

Já o Dia da Consciência Negra é celebrado, no Brasil, em 20 de novembro. Foi concebido em 1971, formalizado nacionalmente em 2003, como uma efeméride no calendário escolar, até ser instituído como data comemorativa em 2011.

Somente aí, temos dois grupos de grande relevância na sociedade. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), negros (grupo composto por pessoas pretas e pardas) representam 56% da população brasileira, sendo que as mulheres representam 52%.

Ou seja, apesar de serem a maioria da população brasileira, negros e mulheres pertencem ao grupo de subrepresentados ou minorizados socialmente, que são as pessoas que se encontram em categorias que sofrem com o preconceito, com a desigualdade e a baixa representatividade em espaços de poder e influência.

Você ainda pode estar pensando: e o que isto tem a ver comigo ou com a economia e o mercado financeiro?

Seguindo o meu propósito de “Desmistificar a economia”, lembro que economia não é uma ciência exata que estuda apenas números, e sim uma ciência social aplicada que estuda as ações e o relacionamento que as pessoas têm com o que está em sua volta, ou seja, a sociedade.

Além disso, sou uma mulher negra com 30 anos de experiência no mercado financeiro e que há 3 atua como empreendedora. Então, falo com tranquilidade que represento os dois grupos: negros e mulheres empreendedoras.

Continuando…

A representatividade é importante porque traz identificação. Logo, a falta dela faz com que as pessoas não se identifiquem e pensem: “Isto não é para mim!”.

No mercado financeiro, pouco ou nada se fala a respeito. Mas representatividade é importante aqui também e ao contrário do que você possa estar pensando, não é somente importante para os grupos ditos minorizados.

A representatividade é importante para o crescimento do próprio mercado financeiro e, consequentemente, para o crescimento e desenvolvimento da economia brasileira.

Quer ver um exemplo? O investimento e a poupança são a base do crescimento de um país. Através deles é que o país consegue garantir a geração de empregos, melhores rendas e qualidade de vida.

E foi com o crescimento das negociações e para dinamizar os investimentos que surgiram os sistemas financeiros. Sempre é bom lembrar que quanto mais pessoas neste sistema, maior e mais fortalecido ele ficará.

Então, se voltamos para os números que falam sobre pessoas negras e mulheres, por qual motivo ainda temos baixíssima representatividade no mercado financeiro?

Representatividade é bom para a sociedade

As pessoas negras compõem mais da metade da população brasileira, 56%; e consomem R$1,9 trilhões ao ano, representando 40% do consumo brasileiro. Isto é, a maior fatia de consumo.

O relatório “Raio-X do Investidor Brasileiro” de 2022, divulgado pela Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima), que pela primeira vez inclui o recorte racial na pesquisa, revela que apenas 29% dos brasileiros pretos e pardos investem seu dinheiro em produtos financeiros, contra 37% de pessoas brancas.

A pesquisa também mostra que 63% dos pretos e pardos não guardam dinheiro de forma alguma.

Talvez seus vieses inconscientes, que são os julgamentos sobre uma pessoa ou determinado grupo se baseando em atributos específicos e em generalizações, podem estar levando você a pensar: negros são pessoas extremamente pobres. Não tem como investir.

Será? Dados do Instituto Locomotiva demonstram que 19% dos negros pertencem à classe AB; 52% à classe C; e 29% às classes D ou E.

Já em relação às mulheres, apenas 33% delas afirmam possuir alguma aplicação financeira. Na Bolsa de Valores, o percentual de mulheres é de 22,95%.

Vale lembrar que as mulheres estudam e empreendem mais, mas é a fatia que possui maior dificuldade de acesso ao crédito no Brasil. É preciso, neste caso, irmos além da representatividade. É preciso incluirmos estas mulheres na conta do sistema financeiro.

Atenção ao presente para construir o futuro

Dentre as minhas várias atuações, sou membro da comissão Conselhos do Futuro do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC) e lá apresentamos e discutimos as principais tendências que determinarão o sucesso e a continuidade das empresas.

Minha fala recorrente é: o futuro não chega do nada. Ele dá sinais. E o futuro se constrói agora! É no presente que se determina o futuro…

Então, que tal você refletir e imaginar o potencial de crescimento da economia, dos investimentos e do mercado financeiro por meio da representatividade?

Sempre é bom lembrar que a representatividade promove uma sociedade mais justa e inclusiva. E todo mundo ganha.

E por falar em futuro, já adianto que em minha próxima coluna abordarei sobre Black Money e apresentarei os resultados preliminares da Pesquisa Hábitos e Comportamento Financeiro da população negra no Brasil. Não perca.

Até a próxima coluna!