Combater a obesidade pode ser uma chance de investimento; confira relatório do BofA

De acordo com os dados compilados pelo BofA, uma em cada 8 pessoas no mundo hoje vive com obesidade, enquanto cerca de 7% estão abaixo do peso

Na próxima década, mais de metade da população mundial terá excesso de peso ou obesidade*, e isso custará 3% do PIB global (US$ 4,3 bilhões de dólares), o equivalente aos gastos de saúde com a Covid-19.

Os dados da World Obesity Federation (WOF) fazem parte de um relatório divulgado na segunda-feira (4), que foi o Dia Mundial da Obesidade, pelo Bank of America.

Essa tendência, que já vinha em marcha nas últimas décadas, piorou nos últimos anos, como consequência dos efeitos da inflação de alimentos desencadeada pela pandemia, considera o estudo, que mostra piora tanto da desnutrição quanto do número de indivíduos com excesso de peso.

De acordo com os dados compilados pelo BofA, uma em cada 8 pessoas no mundo hoje vive com obesidade, enquanto cerca de 7% estão abaixo do peso.

E as previsões para os próximos anos não são nada animadoras.

Também com dados da WOF, a porcentagem de crianças e adolescentes (com idades de 5 a 19 anos) obesas pode aumentar de 22% para 39% da população global até 2035.

Reação

Segundo o banco de investimentos, porém, ao mesmo tempo que alarmantes, os dados são também uma oportunidade de investimentos.

Isso porque as políticas públicas para tentar conter os efeitos dessa tendência sobre o orçamento público e a crescente demanda por alimentos saudáveis e medicamentos para conter o sobrepeso devem colocar empresas com iniciativas no setor cada vez mais em evidência.

Entre os objetivos desse esforço estão os de tentar evitar uma escalada ainda maior das mortes prematuras por motivo de doenças causadas por excesso de peso, tais como diabetes, acidente vascular cerebral e câncer, que vitimaram cerca de 5 milhões de pessoas em 2019, uma das principais causas de morte em todo o mundo.

Nas contas do BofA, uma redução da obesidade em 5% significaria uma economia anual de custos de US$ 2,2 trilhões no mundo todo.

As iniciativas governamentais e privadas para ajudar no controle do peso não passaram despercebidas de investidores.

Assim, o volume de recursos de investidores para fundos com essa temática cresceram a uma taxa composta anual de 26% nos últimos 5 anos.

Consequentemente, o índice de ações de Boa Saúde e Bem-Estar superou o seu índice de referência geral do mercado acionário em 13 pontos percentuais nos últimos 3 a 5 anos.

Oportunidades

Nesse sentido, o BofA listou 21 empresas de alimentos listadas em bolsa que têm hoje no portfólio pelo menos um terço dos produtos saudáveis “disponíveis” e “acessíveis”.

São elas:

PaísEmpresaSetor
SuíçaNestlé (NESN.SW)Alimentos embalados
Reino UnidoUnilever (ULVR. LN)Cuidados pessoais
FrançaDanone (BN.FP)Alimentos embalados
AustráliaWoolworths (WOW.AU)Food Retail
Reino UnidoSainsbury’s (SBRY.LN)Supermercados
Reino UnidoTesco (TSCO.LN)Supermercados
MéxicoGrupo Bimbo (BIMBOA.MM)Alimentos embalados
ChinaCharoen Pokphand (CPF.TB)Alimentos embalados e carnes
EUAKellogg’s (K.US)Alimentos embalados
JapãoAjinomoto (2802.JP)Alimentos embalados
AustráliaColes Group (COL.AU)Supermercados
Bélgica/HolandaAhold Delhaize (AD.NA)Supermercados
EUACampbell’s (CPB.US)Alimentos embalados
IrlandaKerry Group (KYGA.ID)Alimentos embalados
Reino UnidoNomad Foods (NOMD.US)Alimentos embalados
FrançaCarrefour (CA.FP)Supermercados
PortugalJeronimo Martins (JMT.PL)Supermercados
BélgicaGreenyard (GREEN.BB)Alimentos embalados
Reino UnidoAssociated British Foods (ABF.LN)Alimentos embalados
CingapuraDel Monte Pacific (DELM.SP)Alimentos embalados
EUAAramark (ARMK.US)Restaurantes
Fonte: Bank of America

Medicamentos

Uma das principais tendências indicadas pelo BofA é a de crescimento do consumo de medicamentos para controle do peso corporal.

Nesse sentido, os analistas do BofA esperam que 15% dos adultos nos Estados Unidos usem drogas conhecidas como GLP-1 até 2035 (versus 1% atualmente).

GLP-1 (sigla em inglês para Glucagon-like Peptide-1) é um hormônio produzido pelo organismo que aumenta a sensação de saciedade e é potente na regulação da fome.

Os GLP-1 têm sido usados pela indústria farmacêutica para tratar diabetes tipo 2 desde 2005.

Mas ganharam visibilidade após terem sido aprovados pelo FDA, órgão do governo dos Estados Unidos de controle de alimentos e remédios, para controle de peso crônico.

Dessa medida resultou a popularização de medicamentos como Ozempic, da Novo Nordisk, e o Mounjaro, da Eli Lilly.

Nesse aspecto, o BofA identificou empresas listadas com medicamentos para controle do peso aprovados por autoridades.

ProdutoFarmacêuticaEstágio
Byetta, BydureonAmylin e Eli LillyAprovado FDA, NMPA
Victoza, SaxendaNovo NordiskAprovado FDA, NMPA
TrulicityEli LillyAprovado FDA, NMPA
LyxumiaSanofiAprovado FDA, NMPA
Yi Sheng TaiBenemaeAprovado NMPA
OzempicNovo NordiskAprovado FDA, NMPA
Wegovy, RybelsusNovo NordiskAprovado FDA
Fu Lai MeiHansohAprovado NMPA
MounjaroEli LillyAprovado FDA
Fonte: Bank of America 
(FDA) Federal Drug Administration, (NMPA) National Medical Products Administration, agência reguladora chinesa

Além disso, outros laboratórios estão desenvolvendo outros medicamentos para controle de peso, diabetes, como mostra a lista abaixo:

LaboratórioTratamento
Altimmune (ALT.US)Diabetes tipo 2, obesidade, gordura no fígado
Amgem (AMGN.US)Obesidade
AstraZeneca (AZN.LN)Diabetes tipo 2, obesidade, gordura no fígado, doença renal crônica
Eli Lilly (LLY.US)Diabetes tipo 2, obesidade, falência renal
Hanmi (128940.KS)Obesidade
Innovent Biologics (1801.HK)Obesidade
MerckDiabetes tipo 2, obesidade, falência renal, gordura no fígado
Novo Nordisk (MRK.US)Obesidade
Structure Therapeutics
(GPCR.US)
Obesidade, diabetes tipo 2
Viking Therapeutics
(VKTX.US)
Obesidade
Zealand Pharma 
(ZEAL.DC)
Obesidade, diabetes tipo 2
United Laboratories
(3933.HK)
Obesidade
Fonte: Bank of America


* A OMS define obesidade como um índice de massa corporal (IMC) igual ou superior a 30 e excesso de peso como um IMC igual ou superior a 25.