Brasil não deve ter melhora da nota de crédito soberano até 2026, diz Fitch: ‘Piorou’
O Brasil dificilmente verá uma melhora de sua nota de crédito soberano antes do final de 2026, sinalizou a agência de ratings Fitch.
Apesar do crescimento econômico acima das expectativas do País nos últimos anos, isso foi ofuscado pela deterioração das contas públicas, situação que não deve melhorar em breve.
As coisas pioraram desde nossa última ação de rating, disse o diretor sênior e codiretor para Américas da Fitch, Todd Martinez.
Em julho de 2023, a Fitch elevou a classificação da nota de crédito do Brasil, de BB- para BB. Posteriormente, a agência reafirmou essa visão. Isso foi em junho passado.
Dessa forma, na escala da agência, a atual nota brasileira está dois degraus da faixa de baixo risco de crédito.
Cenário global agora é mais incerto para emergentes, diz Fitch
Na verdade, no momento o risco é maior de uma piora da perspectiva para as notas de países emergentes como o Brasil.
Isso por causa dos efeitos de maiores tarifas sobre importações nos Estados Unidos, dólar forte e outros riscos geopolíticos.
Para a Fitch, esse cenário coloca riscos “significativos” para a perspectiva da nota de mercados emergentes, especialmente para geografias como México, China e Vietnã.
Atualmente, a perspectiva para a nota brasileira pela Fitch é estável, o que indica que uma mudança não deve acontecer em breve.
Porém, Martinez frisou que as medidas que o atual governo anunciou no fim de 2024 não devem ser suficientes para mudar a trajetória de deterioração das contas públicas.
Simultaneamente, a força política da oposição no Congresso Nacional deve limitar a capacidade do governo de avançar com agendas econômicas significativas além da reforma tributária.
Como é a escala de rating da Fitch
Nota | Qualidade |
AAA | Muito alta |
AA+ | |
AA | |
AA- | |
A+ | |
A | |
A- | |
BBB+ | Alta |
BBB | |
BBB- | |
BB+ | Categoria especulativa |
BB (atual nota do Brasil) | |
BB- | |
B+ | |
B | |
B- | |
CCC+ | Alto risco de calote |
CCC | |
CCC- | |
CC | |
C | |
D | Inadimplente |
Assim, os comentários de Martinez representam um revés para o Brasil. O País vinha obtendo melhora de suas notas pelas agências de rating nos últimos anos.
Ainda em 2023, depois da Fitch, a S&P elevou a nota brasileira, também de BB- para BB.
Em seguida, em outubro 2024, foi a vez da Moody’s melhorar o rating soberano do Brasil, de Ba2 para Ba1. Com isso, na escala da Moody’s, o Brasil ficou distante apenas um degrau da faixa de baixo risco de crédito.
Com isso, cresceram as discussões sobre a possibilidade de o Brasil recuperar o ‘grau de investimento’, que perdeu há cerca de uma década.
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