Bancos internacionais apontam o que pode impulsionar o PIB de 2023

Goldman Sachs, Bank of America, BNP Paribas e J.P. Morgan revisam PIB de 2023 para cima e apontam o que pode impulsionar a economia neste ano

O PIB do primeiro trimestre de 2023 surpreendeu o mercado e a previsão dos bancos de investimento internacionais sobre o desempenho da economia brasileira para o ano. BNP Paribas, J.P Morgan, Goldman Sachs e Bank of America revisaram suas estimativas para o PIB de 2023 e elencaram estímulos do governo às classes pobres e também citaram a aprovação do Arcabouço fiscal como fatores que podem impulsionar o crescimento do Brasil.

Para o BNP Paribas, o viés de revisão do PIB de 2023 é para cima. Puxado pelo agronegócio, o resultado positivo dá uma visão mais otimista sobre o crescimento doméstico. Mas o país precisa superar o alto endividamento, ciclo de aperto monetário e queda em demanda para retomar o crescimento.

BNP Paribas tem ‘viés positivo’ para PIB de 2023

A expectativa era de um crescimento de 1,2% da economia nos primeiros três meses deste ano em relação ao último trimestre de 2024. A expectativa do BNP para o PIB na comparação com o primeiro trimestre de 2022, de 3%, também foi superada. A economia cresceu 4% na base anual.

Pelo lado da oferta, de acordo com Laiz Carvalho, economista para Brasil do banco, houve uma surpresa “gigantesca” do agronegócio, com a safra recorde de soja no primeiro trimestre. O indicador também foi impulsionado pela balança comercial positiva, com alto preço das commodities.

Já pelo lado da demanda interna, aponta a economista do BNP, houve crescimento de 0,2% no consumo das famílias, mas o principal responsável pelo crescimento anualizado foi a balança comercial, com aumento de exportações em 7%. “Ainda muito ligado ao setor de commodities”, afirma Laiz.

A projeção do PIB feita pelo BNP tem viés para cima, ao mesmo tempo em que o carrego do PIB do primeiro trimestre para o crescimento da economia está por volta de 1,5%. “Isso traz um viés para cima. Em geral, o PIB foi superpositivo”, conclui Laiz.

PIB de 2023: Goldman Sachs elenca desafios

O banco americano Goldman Sachs ressaltou em relatório o impulso das exportações líquidas no PIB do primeiro trimestre, balanceadas pelo recuo do mercado de investimentos. O setor de serviços, aponta o Goldman, cresceu pelo décimo primeiro trimestre consecutivo.

A atividade real da economia está 6,4% acima do nível da pré-pandemia, escreve o analista Alberto Ramos, do Goldman. “Daqui para a frente, esperamos que a atividade econômica se beneficie de estímulos fiscais e de transferências do governo para famílias de baixa renda com propensão ao consumo, além do impacto de preços favoráveis dos alimentos na renda disponível dos brasileiros”, diz Ramos.

Contudo, o que pode desacelerar o PIB brasileiro são as condições da política monetária restritiva, alto nível de endividamento familiar, criação de empregos moderada e a incipiente virada no mercado de crédito. Esta também faz parte da avaliação do analista do Goldman sobre os rumos da economia brasileira. Por fim, o banco revisou a previsão para o PIB de 2023 de 1,75% para 2,6%.

Bank of America ressalta Arcabouço como estímulo

Para o Bank of America, o resultado do PIB do primeiro trimestre reflete, apesar de alta oferta provocada pelo setor agrícola, que a política monetária do BC vem dando resultados no intuito de baixar a demanda interna da economia.

Sem pesar agricultura na balança do PIB, destacam os analistas David Becker e Natacha Perez, o PIB brasileiro teria crescido 0,4% no primeiro trimestre ante o quarto trimestre de 2022. Com os resultados desta quinta-feira (1), o Bank of America revisou as estimativas de PIB para 2023, assim como outros bancos de investimentos internacionais. O banco estima que a economia brasileira deve crescer 2,3% contra 0,9% na previsão anterior.

Assim como o Goldman, o Bank of America revisou o PIB de 2024, com estimativa para expansão de 2,4%, ante 1,8% nos cálculos anteriores.

“A aprovação do novo arcabouço fiscal, o início de um ciclo de corte de juros e avanços na reforma tributária podem tirar a pressão do setor privado, permitindo que haja a retomada do crescimento no ano que vem”, dizem os analistas do BofA.

JP Morgan prevê inflação em tendência de queda

O J.P. Morgan, por sua vez, observa que o PIB do primeiro trimestre mostra uma tendência de queda para a inflação em 2023. Em relatório, o banco de investimentos diz que “o PIB de hoje não muda nossa visão de que a inflação continuará a cair.

Os analistas Vinicius Moreira e Cassiana Fernandes, do J.P., apontam que o corte na Selic deve acontecer no quarto trimestre, mesmo com a tendência de queda do IPCA. Mas o resultado positivo hoje foi tão surpreendente para o banco que as estimativas do PIB de 2023 foram revisadas: o J.P. Morgan prevê agora um crescimento de 2.4% e não mais de 1,7%, como era esperado anteriormente.

Os analistas destacam que o PIB voltou a seu patamar mais forte desde o começo de 2020, com o setor agrícola crescendo 118% no primeiro trimestre em comparação com o quarto trimestre de 2023 — o maior crescimento desde 1996.

As vendas domésticas, no entanto, caíram 1,9% na base trimestral e tomaram o primeiro tombo desde o segundo trimestre de 2021. O J.P. Morgan aponta que a queda se deve à desaceleração do consumo doméstico e investimentos.

No mesmo tom que pares, o banco de investimentos espera que deflação contínua “colabora com nossas previsões para o fim do ciclo de juros altos antes do final do ano”.

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