Para economistas, atividade forte em 2024 puxou déficit em conta corrente
A elevação do déficit em conta corrente de US$ 24,5 bilhões em 2023 para US$ 56 bilhões em 2024 é decorrente da atividade econômica forte vista no ano passado. O défict em conta corrente reflete, em grande parte, o crescimento das importações.
Dessa maneira, essa é a avaliação de economistas ouvidos pelo Valor.
Assim, as estatísticas do setor externo foram publicadas pelo Banco Central (BC) nesta sexta-feira.
O economista-chefe do banco Pine, Cristiano Oliveira, apontou que a elevação do déficit em conta corrente é resultado do crescimento da demanda agregada em ritmo superior ao do PIB.
“O excesso de demanda, vinda do crescimento do consumo e dos investimentos, tem acelerado a piora do resultado externo”, apontou o economista.
A expectativa do economista é de que condições das contas externas continuem positivas em 2025 e que o déficit em proporção do PIB tenha uma alta marginal.
“Nossa estimativa é que o aperto das condições financeiras desacelere bastante o ritmo da demanda em 2025 e 2026, reduzindo o ritmo de crescimento do déficit”, disse.
Aumento do déficit em conta corrente vem de mudanças estruturais
Para o economista, uma parcela do aumento do déficit externo vem de mudanças estruturais que continuarão impactando o resultado.
Oliveira afirmou, assim, que a saída de dólares por compra de criptomoedas, as bets e a facilidade de abrir uma conta em moeda estrangeira devem continuar nos próximos anos.
“Em nossa opinião, já pressionam a taxa de câmbio em determinados dias por conta do fluxo de saída”.
Cristiane Quartaroli, economista-chefe do Ouribank, destacou o aquecimento da economia brasileira como um dos fatores para o aumento do déficit na conta corrente.
“Tivemos um aumento das importações e redução das exportações para suprir inclusive essa demanda interna”
“Esse comportamento já era esperado, embora o déficit tenha ficado ligeiramente acima do que era imaginado”.
Quartaroli aponta, dessa maneira, que o déficit não chega a ser problema porque foi compensado pelo Investimento Direto no País (IDP).
No entanto, ele ficou em US$ 71,1 bilhões em 2024 (3,24% do Produto Interno Bruto).
Para Oliveira, do Pine, o “forte” resultado do IDP “financia o déficit da conta corrente e reflete a atratividade do lado real da economia doméstica”.
Para 2025, dessa maneira, a economista do Ouribank espera um resultado mais favorável da balança comercial, com expectativas melhores para o setor agrícola.
“De forma que a conta corrente deve registrar um déficit inferior ao que foi observado em 2024”.
“Contudo, acho que vale a ressalva de que a expectativa para os investimentos diretos também é de algo ligeiramente inferior ao ano passado”.
Com informações do Valor Econômico
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