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Por que o dólar está em queda? Vai ficar abaixo de R$ 5? Analistas respondem
O dólar comercial segue em firme queda nesta quarta-feira (12), negociando a R$ 4,95 na B3, após os dados da inflação nos EUA seguirem a tendência de desaceleração, assim como foi o IPCA de ontem, no Brasil, que também derrubou a moeda americana para R$ 5,00.
O índice de preços ao consumidor dos EUA subiu 0,1% em março, abaixo da previsão de alta de 0,2% de analistas consultados pelo “The Wall Street Journal”. No acumulado de 12 meses o CPI teve alta de 5%, também abaixo da projeção de 5,1%. É o menor resultado do CPI em base anual desde maio de 2021.
O Ibovespa fechou ontem com alta de, 4,29% aos 106.214 pontos. Foi o melhor pregão desde 3 de outubro, quando houve alta de 5,54%. No início do pregão de hoje o índice avança mais 1,28% e chega a 107.692 pontos.
O que dizem os analistas?
“No contexto global, com as altas de juros nos EUA chegando ao fim e o diferencial de juros (a diferença entre a taxa nos EUA e no Brasil) favorável, pode ser sustentável (ter um dólar abaixo de R$ 5). Acho que precisamos ver o arcabouço finalizado e aprovado para solidificar e eventualmente até buscar patamares mais valorizados” afirmou o sócio e gestor da Galapagos Capital, Sérgio Zanini.
‘Um primeiro sinal’
Com relação à inflação brasileira, o que animou os investidores, diz o economista-chefe da Oriz, Marcos De Marchi, foi que, além do número abaixo das projeções, os núcleos também cederam, o que indica uma melhora qualitativa:
“Foi um primeiro sinal. É evidente que só um dado não é suficiente para o Banco Central começar a cortar juros, mas o mercado se adianta nessas horas. Ele tenta precificar o que esse primeiro sinal pode significar em termos de tendência”.
Segundo De Marchi, se o IPCA-15 de abril confirmar a tendência de recuo da inflação, o mercado começará a projetar um corte da Selic, atualmente em 13,75%, no início do segundo semestre. Já o economista-chefe da Órama, Alexandre Espirito Santo, diz que já se especula que a redução comece em junho:
“Em 12 meses, já estamos com a inflação acumulada abaixo de 5%”.
Ainda no cenário interno, os investidores refletiram declarações do secretário do Tesouro Nacional, Rogério Ceron, de que o novo arcabouço fiscal do terá mecanismos para evitar mudanças nas metas para o desempenho das contas públicas estabelecidas pelo governo ao longo dos anos.
A regra estabelece que, no início de um governo, cada presidente deve indicar quais metas pretende perseguir para as contas públicas num horizonte de quatro anos (um mandato). Especialistas vinham questionando a possibilidade de mudanças repentinas nas metas, o que geraria descrédito com a regra fiscal.
“Tem amarras (para evitar mudança na meta). Tem a possibilidade de atualizar por mudanças de contexto econômico, porque é um marco para ser sustentável no tempo. Mas com condicionantes”, afirmou Ceron.
O texto deve ser apresentado formalmente ao Congresso esta semana.
Segundo De Marchi, se não houver nenhuma surpresa negativa sobre o arcabouço fiscal, “há espaço para a moeda brasileira se valorizar.”
Juros futuros recuam
Já o economista-chefe da Warren Rena, Felipe Salto, ex-secretário de Fazenda de São Paulo, avalia que a proposta de limitar gastos extras com investimentos contribuiria para a redução da dívida:
“Não é porque a despesa ganha a classificação de investimento que ela é necessariamente positiva. Há muito investimento ruim. É preciso ser seletivo, e uma forma de fazê-lo é por meio desse tipo de limitação. Uma boa ideia, neste caso”.
Mas ele vê com preocupação a ideia de expurgar da conta as chamadas receitas extraordinárias, pois entende que não há uma metodologia consolidada para a Fazenda fazer esse cálculo:
“Seria preciso adotar uma metodologia e, mais importante, ter um escrutínio minucioso de órgão de fora do Executivo, para que não se fique modificando o cálculo ao sabor da conjuntura”, completou.
O otimismo se refletiu nos juros futuros. A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2024 caiu de 13,225% para 13,15%, e a do DI para janeiro de 2025 cedeu de 11,99% para 11,805%.
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