Cresce 30% a procura por cursos de graduação e pós no exterior
Com a reabertura das fronteiras e a diminuição de barreiras para sair do país, a procura por especializações fora do Brasil voltou em ritmo acelerado. De acordo com pesquisa feita pelo STB, que atua no segmento de educação internacional, em 2022 houve um aumento de 30% na busca por graduação e pós no exterior, em comparação a 2019.
“As pessoas retomaram os projetos anteriores e voltaram a investir na educação internacional para construir um currículo global e ampliar as oportunidades de atuação para além do Brasil”, explica Christina Bicalho, vice-presidente do STB.
Além disso, ela explica que a procura deve-se ao fato de que algumas áreas em alta, como ESG e tecnologia, ainda não contam com capacitações completas por aqui. Em 2022, esses setores registraram alta de 80% e 35%, respectivamente. “O Brasil ainda está um pouco lento na adequação a novas áreas, como ESG, práticas sustentáveis e data science. Temos poucas ofertas nesses temas”, diz.
Nesse cenário, as empresas têm buscado profissionais especializados nesses setores em outros países. Em tecnologia, por exemplo, a velocidade de formação da força de trabalho não acompanha a demanda do mercado”, explica Bicalho.
A mesma coisa acontece com especialistas em ESG, uma das principais profissões do futuro. “Cada vez mais as companhias precisam de profissionais para assumirem posições estratégicas nessa área”. Outro assunto com pouca oferta no Brasil e que tem sido procurado pelos profissionais é a moda voltada a práticas mais sustentáveis e inovação.
Os ganhos de estudar fora são muitos. “Traz um novo olhar para a carreira, pois abre janelas diferentes das abertas num curso no Brasil. Isso porque, além da parte acadêmica em si, possibilita o desenvolvimento de competências comportamentais essenciais hoje em dia, como adaptabilidade, flexibilidade e resiliência”, ressalta Bicalho.
Isso sem falar que, o convívio com pessoas de todos os países e culturas, ajuda a enxergar possibilidades e oportunidades diferentes, e a inovar. “Hoje, um profissional completo é aquele que entende da sua área principal, mas tem a visão do todo o que, talvez, não se consiga sem sair do país”.
Destinos mais procurados
O Canadá é o país com maior procura para cursos de graduação e pós, principalmente, por conta das oportunidades de trabalho. A quantidade de vagas de empregos abertas no país só aumenta: em 2022, foram mais de 915 mil vagas em aberto, segundo o Statistics Canada.
De acordo com o STB, nos últimos anos, houve um aumento significativo em termos de vendas e de embarque de brasileiros para esses programas. Em 2019, o crescimento foi de 20% em relação a 2018. Em 2020, no auge da pandemia, subiu para 10%, e em 2021, foi de 90% por conta da reabertura das fronteiras. Já no ano passado, a demanda atingiu 30% em relação a 2021. Para 2023, a expectativa é de um aumento de 20%.
Entre os motivos da busca, está o fato de que o visto de estudante emitido no Brasil para cursos de graduação e pós no Canadá dá permissão para trabalhar durante e após a conclusão do curso, um caminho para migrar de forma permanente.
Além disso, desde novembro de 2022, o governo canadense suspendeu a restrição de horas de trabalho permitidas para estudantes internacionais matriculados em cursos de nível superior. Anteriormente, o limite era de 20 horas de trabalho semanais durante o período de aulas e 40 horas nas férias.
O país permite, ainda, que o profissional leve dependentes. O cônjuge pode trabalhar e os filhos com mais de cinco anos têm direito a escola gratuita. Além disso, o dólar canadense tem um valor abaixo do dólar americano e da libra esterlina. O custo de vida um pouco mais acessível torna o país um dos melhores custos-benefícios para os estudantes, segundo o STB.
Outro local procurado é a Austrália, destino que deve despontar como o principal em 2023 por conta do clima tropical muito parecido com o do Brasil, economia forte – com o maior salário-mínimo do mundo -, mercado de emprego promissor que, hoje, sofre com falta de mão de obra qualificada, além de oferecer ao estudante a aquisição da cidadania australiana.
“Após fazer um programa VET (Vocational Educational Training) ou um curso profissionalizante no país, a inserção do estudante brasileiro no mercado de trabalho australiano é facilitada. Eles são autorizados, ainda, a trabalhar no país ao se matricularem em cursos de idiomas com, no mínimo, 14 semanas de duração”, explica Bicalho.
Veja, a seguir, a lista de universidades mais populares entre os estudantes para cursos de graduação e pós:
Canadá
- Conestoga College
- LaSalle College Vancouver
- Universidade Simon
- Universidade de Manitoba
Austrália
- UTS – Universidade de Tecnologia de Sydney
- Universidade Bond
- Universidade de Western Australia, parte do Group 8 da Austrália
Universidade de Sydney, também parte do Group 8
Estados Unidos
- UCs da Califórnia
- San Francisco State
- FIU – Universidade Internacional da Florida
- Universidade Drew
Reino Unido
- University of Exeter
- University of Manchester
- Queens University of Belfast
- University of Glasgow
Reportagem: Carolina Marino
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