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Dólar sobe 2,82%, maior alta diária em mais de 2 anos, e fecha a R$ 6,26; Ibovespa despenca mais de 3% e volta aos 120 mil pontos
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O dólar comercial disparou na sessão de hoje, em pregão marcado por temor crescente em relação à seara fiscal brasileira, diante da desidratação das medidas de corte de gastos do governo no Congresso.
A piora no câmbio seu deu também em ajuste de expectativas sobre o corte de juros pelo Federal Reserve (Fed).
Além disso, não houve intervenção do Banco Central no mercado de câmbio, como ocorreu nos pregões anteriores.
Diante disso, o dólar à vista exibiu sua maior valorização diária em mais de dois anos, apreciando 2,82%, a R$ 6,2672, novo recorde nominal de fechamento.
Antes disso, a maior apreciação diária ocorreu em 10 de novembro de 2022, quando o dólar valorizou 4,10%.
Terminadas as negociações, o euro comercial teve valorização de 1,73%, cotado a R$ 6,5044.
O real exibia a pior performance entre as 33 moedas mais líquidas acompanhadas pelo Valor.
O segundo pior desempenho era do florim da Hungria, e a moeda americana avançava 2,30% contra a divisa europeia.
Ibovespa hoje
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A sangria no mercado local com a escalada da crise de credibilidade do governo no mercado financeiro levou o Ibovespa a registrar a maior queda diária desde 10 de novembro de 2022.
O índice despencou 3,15%, aos 120.772 pontos, bem perto da mínima do dia de 120.457 pontos. Já na máxima, o principal índice da bolsa brasileira chegou a tocar os 124.698 pontos.
Uma tempestade perfeita no mercado local e externo derrubou o desempenho dos ativos domésticos em um ambiente em que investidores permanecem temerosos com o andamento e possível desidratação do pacote fiscal no Congresso.
No começo do dia, o leilão de recompra de títulos do Tesouro Nacional não foi capaz de aliviar a escalada dos juros futuros.
Na sequência, a informação apurada pelo Valor de que o subsecretário da Dívida Pública, Otavio Ladeira, se afastou do cargo para assumir posição na Organização das Nações Unidas, trouxe mais incerteza a agentes financeiros.
Já o “sprint final” de queda veio com declarações do presidente do Federal Reserve (Fed), Jerome Powell, de que as pressões inflacionárias pedem mais cautela no corte das taxas.
Ajustes feitos nas projeções econômicas divulgadas pela autoridade monetária americana também geraram efeitos negativos.
O volume financeiro do Ibovespa na sessão foi de R$ 26,4 bilhões e de R$ 34,0 bilhões na B3.
Apenas três ações avançaram no pregão: Marfrig (+1,81%), MRV (+1,54%) e Santos Brasil (+0,54%).
Na ponta contrária, os papéis da Automob passaram por correção e recuaram 30% após dois pregões seguidos de forte alta.
Ações domésticas como CVC (-17,11%) e Magazine Luiza (-10,04% ) foram destaque de queda com a disparada dos juros futuros.
Bolsas de Nova York
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As bolsas de Nova York fecharam em queda forte nesta quarta-feira, seguindo a mensagem hawkish do presidente do Federal Reserve (Fed), Jerome Powell durante coletiva para comentar a decisão de corte de 0,25 ponto percentual nos juros americanos para o intervalo de 4,25% a 4,50%.
Apesar do corte, Powell sinalizou de forma firme que o Fed deve adotar um tom de maior cautela a partir de agora diante de uma inflação mais resiliente e de uma economia americana ainda forte.
No Sumário de Projeções Econômicas (SEP) divulgado hoje junto com a decisão de juros, a expectativa de corte nos juros em 2025 foi reduzida de 1 ponto para 0,5 ponto e a expectativa de inflação subiu de 2,20% para 2,50%, o que acendeu o sinal de alerta nos investidores.
Para Jay Bryson, economista do Wells Fargo, apesar do corte, o Fed foi hawkish. O economista avalia que, além da dissidência da presidente do Fed de Cleveland, Beth Hammack, Powell disse na coletiva que a decisão de cortar foi difícil, além de uma mudança de palavras no comunicado que aponta para cortes mais espaçados.
“Em suma, a reunião de hoje leva-nos a acreditar que, salvo alguns desenvolvimentos dramáticos e inesperados, o Fed provavelmente manterá as taxas inalteradas na sua próxima reunião, em 29 de janeiro. No entanto, acreditamos que o Fed continuará a flexibilizar a política no próximo ano, embora em um ritmo mais lento do que nos últimos meses”, disse.
No fechamento, Dow Jones caiu 2,58% a 42.326,87, sua décima-primeira queda consecutiva e a mais longa sequência de perdas em mais de 50 anos, recuando a outubro de 1974.
Enquanto isso, o S&P 500 recuou 2,95% a 5.872,16 e o Nasdaq despencou 3,56%, pressionado pela forte retração das ações da Tesla, fechando a 19.392,69, caindo abaixo do nível psicológico de 20 mil pontos.
Com a queda de hoje, em uma semana, Dow perdeu 4,13%, S&P 500 caiu 3,48% e Nasdaq afundou 3,21%.
Entre os setores, o mais afetado foram os mais sensíveis a juros altos, com o de consumo discricionário caindo 4,74%, setor imobiliário recuando 3,97%, e tecnologia 3,16%.
Nenhum setor encerrou no azul hoje. Tesla recuou 8,28%, Amazon caiu 4,59%, American Express perdeu 4,5% e Goldman Sachs cedeu 4,25%.
“Os mercados acionários estão apenas digerindo e talvez recalibrando o quanto o Fed reduzirá as taxas no futuro”, disse Thomas Urano, sócio-gerente da Sage Advisory.
Bolsas da Europa
Os principais índices acionários europeus encerraram o dia em alta, em sua maioria, com os investidores esperando um corte de juros hoje pelo Federal Reserve, enquanto a expectativa é por manutenção da taxa pelo Banco da Inglaterra (BoE) amanhã.
O índice Stoxx 600 fechou em alta de 0,16%, a 514,50 pontos.
O DAX de Frankfurt recuou 0,02% a 20.242,57 pontos.
O FTSE, da bolsa de Londres, teve alta de 0,05%, para 8.199,11 pontos.
Já o CAC 40, de Paris, subiu 0,26%, para 7.384,62 pontos.
Os mercados precificaram uma probabilidade de quase 100% de que o Fed reduzirá a os juros em mais 0,25 ponto percentual, para a faixa entre 4,25% e 4,5%, na tão esperada decisão de hoje, o que acabou acontecendo.
Entre os dados, o índice de preços ao consumidor (CPI) da zona do euro aumentou 2,2% em novembro na comparação anual, acima da alta de 2,0% em outubro.
No Reino Unido, a aceleração adicional da inflação, de 2,3% em outubro para 2,6% em novembro, poderia ter sido pior, diz o economista da Capital Economics, Paul Dales.
“Na esteira da recuperação mais forte do que o esperado no crescimento salarial no lançamento de ontem, quase não há chance de o BoE entregar um presente de Natal antecipado com outro corte na taxa de juros amanhã”, escreve Dales, em relatório.
Com informações do Valor Econômico
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