Braskem poderá adiar oferta de ação novamente
Uma das operações de mercado de capitais mais aguardadas para este ano, a oferta subsequente de ações (“follow-on”) da Braskem corre o risco de não sair neste primeiro semestre, apurou o Valor. A expectativa dos acionistas – Novonor (ex- Odebrecht) e Petrobras – é aproveitar a próxima janela, entre março e abril, quando saem os resultados da companhia do 4º trimestre. Caso não avance, deixar tudo pronto para retomar a megaoferta numa próxima oportunidade.
Na Faria Lima [avenida onde estão instalados os principais bancos de investimentos em São Paulo], contudo, há um ceticismo sobre cravar uma data para fechar a operação. A companhia estava se preparando para realizar o “follow-on” em janeiro. Houve interesse dos investidores, mas pedidos de altos descontos sobre o valor das ações levaram os acionistas a adiar o processo, como informou o Pipeline,site de negócios do Valor.
Quando a Braskem anunciou meses atrás a oferta secundária – um processo que daria início à transformação da petroquímica em uma empresa sem controlador definido (“corporation”) -, as ações negociavam a R$ 52,02.
No fim de janeiro, os gestores concentraram as ordens de venda em R$ 40, aproveitando o interesse das empresas em resolver a questão rapidamente, sobretudo para a Novonor, que está em recuperação judicial e tem dívidas de cerca de R$ 15 bilhões com vários bancos. A este preço, o montante da operação cairia para R$ 6,2 bilhões – a expectativa era No fim de janeiro, os gestores concentraram as ordens de venda em R$ 40, aproveitando o interesse das empresas em resolver a questão rapidamente, sobretudo para a Novonor, que está em recuperação judicial e tem dívidas de cerca de R$ 15 bilhões com vários bancos. A este preço, o montante da operação cairia para R$ 6,2 bilhões – a expectativa era levantar de R$ 9 bilhões a R$ 10 bilhões.
Além das condições adversas do mercado, os potenciais compradores dos papéis da Braskem querem uma definição mais clara sobre sua migração para o Novo Mercado. “É preciso definir a relação de troca das ações preferenciais (sem direito a voto) para ordinárias (com direito a voto). Também há uma discussão sobre o pico do setor petroquímico atingir seu auge este ano”, disse pessoa familiarizada com a oferta de ações da companhia.
Embora a nova data para oferta esteja em aberto, Novonor e Petrobras querem deixar a empresa preparada para ir a mercado. Os acionistas aceleraram a discussão sobre a relação de troca de ações PN por ON – há consenso de que será um para um (um papel preferencial vale uma ação ordinária), de acordo com fontes próximas às sócias, e a estratégia é assegurar que isso esteja claro aos investidores.
A Braskem segue adiante com esse plano. O passo mais recente foi a convocação de assembleia especial de acionistas para dia 25, para unificação das ações preferenciais em uma única classe. Apenas 0,06% do capital da petroquímica é composto por papéis PNB (classe B), originado de subscrições com recursos de incentivos fiscais. A proposta é converter as PNBs em PNAs (classe A) na proporção de dois para um, conforme previsto em estatuto social.
A etapa seguinte ao Novo Mercado será justamente a conversão de PNs em ONs, o que pode acontecer ainda no primeiro semestre, segundo uma fonte a par do assunto. A migração para o Novo Mercado ajudaria a companhia a destravar seu valor das ações, com potencial de novos ganhos.
Há um compromisso dos acionistas de monitorar as condições de mercado e aproveitar essa oportunidade após a divulgação dos resultados do quarto trimestre, que está prevista para o dia 16 de março. Analistas de mercado projetam um bom desempenho financeiro da empresa, que pode atingir receita de R$ 100 bilhões pela primeira vez na sua história.
Se o “follow-on” não for levado adiante neste semestre, a Novonor, que está em recuperação judicial com dívidas de R$ 100 bilhões, deve ter de pedir novo “waiver” (perdão) aos bancos que detêm as ações da companhia em garantia, de acordo com uma fonte ligada aos credores.
Após a companhia confirmar o cancelamento da oferta no dia 28 de janeiro, as ações recuperaram fôlego, com valorização de 16,2% desde então, negociadas ontem a R$ 54,04. Mesmo assim, ainda estão bem abaixo dos R$ 66,40 marcados no início de dezembro. A expectativa é que os papéis tenham reação positiva aos números trimestrais e subam.
Procuradas, Braskem, Novonor e Petrobras não se pronunciaram.
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