Bradesco tem lucro recorrente de R$ 6,613 bi no 4º trimestre, queda de 2,8%

O resultado ficou abaixo da média das projeções dos analistas consultados pelo Valor, que apontava ganho de R$ 6,939 bilhões; no acumulado de 2021, o banco lucrou R$ 26,215 bilhões, alta de 34,7%
Pontos-chave
  • Para 2022, o banco espera constituir entre R$ 15 bilhões e R$ 19 bilhões em despesas com provisões para devedores duvidosos (PDD). Também espera ampliar entre 10% e 14% o estoque de crédito

Empresas citadas na reportagem:

O Bradesco teve lucro líquido recorrente de R$ 6,613 bilhões no quarto trimestre, com queda anual de 2,8%. Na comparação com o terceiro trimestre, o recuo foi de 2,3%.

O resultado ficou abaixo da média das projeções dos analistas consultados pelo Valor, que apontava ganho de R$ 6,939 bilhões. No ano, o banco lucrou R$ 26,215 bilhões, alta de 34,7% comparado a 2020.

O lucro contábil foi de R$ 3,17 bilhões no quarto trimestre, queda de 42% ante igual período de 2020. Em 2021, esse ganho foi de R$ 21,945 bilhões, expansão de 32,6%.

A rentabilidade sobre o patrimônio líquido médio trimestral (ROAE) atingiu 18,1%, de 18,3% no terceiro e 14,8% no quarto trimestre de 2020.

De acordo com comunicado do Bradesco, o ano de 2021 foi desafiador, mas o bom desempenho das receitas com a margem financeira com clientes e prestação de serviços, aliadas a menores despesas com provisões para devedores duvidosos e o controle de custos, contribuiu para o crescimento do lucro.

A margem financeira somou R$ 16,96 bilhões, com alta trimestral de 8% e avanço de 1,8% em 12 meses. “Alcançamos praticamente todas as estimativas do guidance de 2021”, disse o presidente executivo do Bradesco, Octavio de Lazari, em nota. A receita de serviços somou R$ 8,864 bilhões no quarto trimestre, alta de 1,2% em três meses e de 1,7% em 12 meses.

As despesas operacionais totalizam R$ 12,867 bilhões, alta trimestral de 8,3% e anual de 12,1%.

Carteira de crédito

A carteira de crédito expandida do Bradesco atingiu R$ 812,657 bilhões em dezembro, alta de 5,1% no comparativo trimestral e de 18,3% em 12 meses. Em pessoas físicas houve alta de 5,8% no trimestre e de 23,3% em 12 meses, ao atingir R$ 317,297 bilhões. Em pessoas jurídicas, ao somar R$ 292,631 bilhões, a carteira teve alta trimestral de 4,0% e e anual de 15,7%.

Segundo o banco, o desempenho do crédito em 2021 foi excelente, superando o teto do guidance. “Crescimento em praticamente todos os produtos (PF e PJ), com destaque para as operações de cartão de crédito, crédito pessoal e consignado, financiamento imobiliário, crédito rural, conta garantida e CDC, que cresceram dois dígitos.

Aumento de 32% na originação média diária (em 12 meses) dado o bom desempenho de operações com pessoas jurídicas, reflexo das constantes inovações na jornada de contratação de crédito, principalmente por meio dos canais digitais”, diz o banco.

Inadimplência

Em relação à inadimplência, a instituição financeira registrou o patamar de 2,8% no quarto trimestre, ante 2,6% no terceiro e 2,2% em igual período de 2020. A inadimplência de curto prazo (15 a 90 dias) ficou em 2,8%, de 2,7% e 2,8%, respectivamente.

O Bradesco diz que o movimento já era esperado, com uma inadimplência geral bem controlada e em patamares sensivelmente menores em comparação aos períodos que antecederam a pandemia, mesmo com o crescimento expressivo e contínuo da carteira de crédito, refletindo as ações de gestão de risco.

Em dezembro, a carteira prorrogada líquida de amortizações totalizou R$ 33,4 bilhões. Desse total, R$ 28,5 bilhões estão em dia, R$ 3,1 bilhões em atraso (acima de 30 dias) e R$ 1,9 bilhão ainda em período de carência.

A PDD expandida foi de R$ 4,283 bilhões no quarto trimestre, apresentando alta de 27,5% em relação ao trimestre anterior e queda de 6,2% em 12 meses. “A acentuada expansão nas operações de cartão de crédito, crédito pessoal, capital de giro e financiamento imobiliário ocasionou um aumento natural das despesas com PDD, que permanecem em bons níveis de qualidade”, diz o banco.

O índice de cobertura caiu para 260,9%, de 296,9% no terceiro trimestre e 402,8% no quarto trimestre do ano anterior.

Ações

O Bradesco anunciou ainda que vai cancelar 29.545.000 de ações mantidas em tesouraria. Ao mesmo tempo, fará aumento de capital de R$ 4 bilhões com capitalização de reserva de lucro, através de bonificação em ações.

As novas ações serão atribuídas aos acionistas na proporção de 1 nova ação para cada 10 ações da mesma espécie de que forem titulares na data-base, a ser fixada após a homologação do processo pelo Banco Central.

“A operação de bonificação tem o propósito de: aumentar a liquidez das ações no mercado, considerando que uma quantidade maior de ações em circulação, potencialmente, gera incremento nas operações realizadas com tais ações; possibilitar um ajuste na cotação das ações, tornando o preço por ação mais atrativo e acessível a um maior número de investidores; e melhorar a adequação do saldo das reservas de lucros frente aos limites legais”.

Guidance para 2022

A instituição divulgou seu guidance para 2022. O banco espera constituir entre R$ 15 bilhões e R$ 19 bilhões em despesas com provisões para devedores duvidosos (PDD). Também espera ampliar entre 10% e 14% o estoque de crédito.

A margem financeira com clientes, obtida essencialmente das operações de crédito, poderá crescer entre 8% e 12% se as projeções se confirmarem.

O banco trabalha com a expectativa de avanço de 3% a 7% nas despesas operacionais.

As receitas de prestação de serviços devem ter um crescimento de 2% a 6%. O resultado da operação de seguros crescerá entre 18% e 23% em 2022.

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