Miguel Gutierrez, Sergio Rial e André Covre serão ouvidos pela Justiça em ação do Bradesco contra Americanas

A oitiva, marcada para 27 de abril, será presencial, na 2ª vara regional de competência empresarial e de conflitos, no Fórum João Mendes, na Barra Funda, na capital paulista

Empresas citadas na reportagem:

Os ex-executivos da Americanas Miguel Gutierrez, que presidiu a varejista por duas décadas, Sergio Rial e André Covre, que foram por nove dias no início do ano presidente e o diretor responsável pela área financeira da companhia, respectivamente, serão ouvidos pela Justiça, na condição de testemunhas, no dia 27 de abril. A oitiva será presencial, na 2ª vara regional de competência empresarial e de conflitos, no Fórum João Mendes, na Barra Funda, na capital paulista.

Os executivos participarão de audiência após uma vitória do Bradesco, o principal credor da companhia, em uma ação em que busca a produção antecipada de provas, processo que tem por trás a intenção de se buscar responsabilização após o rombo contábil de R$ 20 bilhões na empresa.

Gutierrez deixou o cargo na virada do ano. Já Rial e Covre renunciaram logo após a divulgação do fato relevante ao mercado em meados de janeiro, comunicação que tornou pública as “inconsistências contábeis”.

Na decisão, a juíza Andréa Galhardo Palma afirma que sua leitura é de que a medida é necessária, visto que “basta um exame atento dos autos para verificar a resistência da parte ré Americanas em viabilizar, de forma espontânea, o acesso à documentação delimitada nas decisões seja ela contábil ou institucional, mesmo sendo determinada por este Juízo a garantia do sigilo de dados”.

No caso, o Bradesco é representado pelo escritório Warde Advogados. Palma aponta ainda que a oitiva dos três executivos em questão é “pertinente e relevante”, visto que eles “potencialmente detêm conhecimento sobre informações relacionadas ao fato relevante” divulgado pela ré Americanas em 11/01/2023, o que facilitará o esclarecimento da verdade dos fatos alegados na inicial”.

O banco segue em uma batalha na Justiça para reaver o crédito dado à varejista, que está em recuperação judicial, no valor de R$ 4,7 bilhões. Uma das teses que vem sendo utilizada pelos banco credores é o da desconsideração da pessoa jurídica, para que os acionistas e administradores possam ser responsabilizados pelo rombo.

Em paralelo às ações judiciais, bancos credores e a varejista estão em conversas ao longo das últimas semanas para chegarem a um acordo sobre o pacote para trazer uma solução à empresa. Na última proposta, a varejista ofertou uma injeção de capital de R$ 10 bilhões, conjuntamente a uma conversão de R$ 18 bilhões das dívidas detidas pelas instiuições financeiras e, ainda, um leilão reverso para a recompra de R$ 12 bilhões dos vencimentos, o que não foi aceito pelos credores. O ponto crucial, conforme fontes, é um aumento de capital maior, capaz de aplacar a crise da empresa.

Na semana passada, Gutierrez testemunhou, por cerca de quatro horas, na sede da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), no Rio de Janeiro. Rial será o próximo a ser ouvido pelo regulador do mercado de capitais brasileiro, órgão que possui uma série de processos administrativos abertos para investigar a crise da varejista.

Procurada, Americanas não comentou, já que “não responde mais pelos executivos”. Rial não comentou. Gutierrez, procurado por meio de seus advogados, não respondeu até o momento. A resportagem não conseguiu contato com André Covre.

Por Fernanda Guimarães

Leia a seguir

Leia a seguir