Bolsa brasileira está barata em cenário ‘inóspito’, afirma gestor da Verde Asset
A Verde Asset continua aplicada em ações brasileiras, apesar do cenário macroeconômico e político “inóspito”, porque os papéis estão baratos, afirmou Luiz Parreiras, gestor da estratégia multimercado e previdência da gestora de recursos, nesta terça-feira (28), em um evento de 25 anos do fundo Verde.
Os setores de bancos e commodities são onde a gestora gasta mais tempo, conforme Parreiras. “Voltamos a investir em bancos depois de muitos anos e as commodities acabam puxando o Ibovespa”, disse.
As empresas destacadas pelo gestor foram Equatorial, Suzano, Localiza, Assaí e Hapvida. “Tentamos alocar capital em companhias que são grandes ganhadoras quase que independentemente do cenário brasileiro”, afirmou.
A Equatorial é uma das companhias que a casa carrega há mais tempo na carteira, de acordo com Parreiras. Ele ressaltou o time e o histórico de alocação de capital da empresa de energia, que está apostando em energia renovável e saneamento. “Haverá muita oportunidade para gerar valor nesses novos setores”, disse.
Já a Suzano é a companhia mais competitiva do setor de celulose, tem grande potencial no longo prazo e é independente de riscos ligados ao governo, segundo o gestor. Sobre a Localiza, ele destacou que, com a fusão com a Unidas, a empresa conquistará espaço em um setor ainda disperso, como o de aluguel de carros e gestão de frotas.
Parreiras ainda destacou que o Assaí se beneficia com a alta da inflação, por conseguir prover alimentos de menor custo como atacarejo, e que a Hapvida atravessará um crescimento do lucro de forma exponencial, apesar da conjuntura atual deprimir as margens.
Além de seguir comprada em bolsa brasileira, a Verde Asset mantém a parcela de ações dos Estados Unidos na carteira, apesar do mercado estar em baixa com a expectativa de alta de juros para conter a inflação e desaceleração da economia.
A hora de aumentar os aportes em bolsa dos EUA será em um de dois cenários possíveis, conforme Parreiras: quando o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) mudar a postura de aperto monetário, o que ainda deve demorar para acontecer com a inflação persistente no país, ou quando a economia desacelerar de forma mais forte, o que pode acontecer entre o final deste ano e o começo do ano que vem.
“Estamos prestando atenção com lupa em qual será essa hora. Esse será o momento de comprar muito mais bolsa dos Estados Unidos”, afirmou.
O gestor também disse que os estímulos à economia dos bancos centrais e as diminuições das taxas de juros na última década não foram uma “insanidade coletiva”. Conforme ele, o que aconteceu é que os investidores exageraram ao comprar ações de companhias de alto crescimento durante a pandemia, pagando a mais. Assim, de acordo com Parreiras, a baixa do mercado de ações norte-americano nos últimos seis meses é apenas uma correção desses exageros.
Parreiras ainda destacou a aposta em petróleo e em crédito privado, especialmente em títulos “high yield”, de alto risco e retorno. “Encontramos excelentes retornos com riscos razoavelmente bem controlados. Historicamente, carregamos posições de 1%, mas nos últimos anos, aumentamos bastante o foco nesse mercado”.
Entre as posições da gestora, estão uma debênture perpétua da Vale, que dá direito a um percentual das receitas de um grupo de minas da companhia, e uma debênture de infraestrutura para um grande projeto solar, com garantia corporativa da controladora.
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