Banco Safra adquire controle do Alfa por R$ 1 bilhão

Instituição firmou acordo com a Administradora Fortaleza, das herdeiras do banqueiro Aloysio Faria

O Banco Safra adquiriu, por R$ 1,03 bilhão, o controle do Conglomerado Financeiro Alfa. O negócio envolve o Banco Alfa, uma financeira, uma administradora de consórcios, uma seguradora e uma corretora de seguros.

A instituição da família Safra firmou acordo com a Administradora Fortaleza, das herdeiras do banqueiro Aloysio Faria, para a transferência da totalidade das ações que a holding detém no conglomerado. O anúncio foi feito na noite desta quarta-feira, por meio de um comunicado conjunto entre as duas partes, que representam duas das famílias mais tradicionais do mercado financeiro brasileiro.

O negócio reforça a atuação do Safra em duas frentes. Uma delas é o lado de atendimento a empresas, banco de investimentos e gestão de fortunas representada pelo banco Alfa. A outra é o varejo, já que a financeira do Alfa oferece crédito consignado, financiamento automotivo e outras linhas.

O Alfa Banco de Investimento é a operação mais relevante. O banco tem cerca de R$ 24,5 bilhões em ativos e uma carteira de crédito de mais de R$ 9 bilhões. O Safra contabiliza R$ 270 bilhões em ativos e um volume de recursos administrados de R$ 300 bilhões.

A família Faria tinha 64,8% do capital do Alfa Banco de Investimento. Outros acionistas relevantes são o fundo Alaska, com 12,6%, e Mário Slerca Junior, com 7%.

Em comunicado, David Safra disse que “a transação é um marco na história do banco no Brasil” e beneficia clientes, funcionários e acionistas do Alfa e do Safra. “Compartilhamos valores, visão de longo prazo e paixão por trabalhar, isso nos dá enorme confiança na sintonia e sucesso dessa operação”, disse.

“Temos a convicção de que a operação entre os dois bancos seculares, fruto de trajetórias empreendedoras de sucesso e baseados em valores comuns, potencializará a qualidade, perenidade e excelência que sempre oferecemos aos nossos clientes e colaboradores”, afirmou Fábio Amorosino, CEO do Conglomerado Financeiro Alfa.

“Trata-se de uma aquisição importante, que marca um novo capítulo da nossa história”, acrescentou Silvio de Carvalho, presidente do Banco Safra.

Rothschild e Mattos Filho assessoraram a Fortaleza. Do lado do Safra, atuaram J.Safra Investment Banking e o Pinheiro Neto.

O Valor noticiou em setembro que as cinco filhas de Faria, morto em 2020, haviam contratado assessores para vender os maiores negócios do grupo: o Banco Alfa, a rede de materiais de construção C&C e a Agropalma, de óleo de palma. Nenhuma das herdeiras atua no dia a dia dos negócios.

O Alfa despertou o interesse de vários bancos, como BTG Pactual, Master, Daycoval, BR Partners e Inter. No entanto, as conversas com o Safra avançaram nos últimos 90 dias, segundo fonte próxima às herdeiras. O Valor apurou que a família Safra já havia tentado comprar o conglomerado quando Faria ainda estava vivo.

Para conduzir a venda da C&C e da Agropalma, as herdeiras contrataram o BTG. Essas operações, porém, ainda não avançaram.

O banco de André Esteves também obteve a concessão de direitos para explorar os terrenos onde estão instalados o Hotel Transamérica e o Teatro Alfa, em São Paulo. Segundo um interlocutor, o BTG e a KSM pretendem transformar a área em um clube. Se o negócio vingar, a família venderá esses terrenos. Na pandemia, o hotel foi fechado. As herdeiras também têm um resort na Bahia, que por enquanto não está à venda.

Por Talita Moreira e Mônica Scaramuzzo

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