De olho no aumento do interesse dos investidores por criptoativos, a B3 planeja fazer lançamentos ligados ao mundo cripto ao longo de 2022 e 2023, disse Jochen Mielke de Lima, diretor da operadora da bolsa, ao Valor.
Jochen lembra que já há alguns fundos negociados em bolsa (ETFs, na sigla em inglês) lançados na B3 que acompanham o movimento de moedas digitais como o bitcoin e que os próximos passos possivelmente seriam promover um mercado futuro para moedas digitais e infraestrutura para corretoras.
“Nesse mundo de ETFs temos 150 mil investidores com R$ 100 milhões de ADTV [volume médio diário negociado] em novembro”, comenta o executivo, destacando a demanda que existe.
Para Jochen, um dos pontos de oportunidade está na quantidade de corretoras de criptomoedas que existem atualmente. “Temos em torno de 30 corretoras de cripto nacionais, fora as internacionais que atuam aqui. Poderíamos oferecer um serviço para facilitar e padronizar as operações delas. Acredito que tenha algo a explorar em fornecimento de serviços de custódia e no processo de liquidação.”
De acordo com ele, a cadeia de valor dos criptoativos não é muito diferente do mercado regulado de bolsa que existe hoje, pois também envolve emissão, negociação, liquidação e custódia. “Estamos identificando pontos de atrito que podemos ajudar a resolver para fazer frente, como ajudar os nossos clientes a fornecer o melhor acesso a seus clientes finais.”
O diretor destaca que ainda há poucos players que ofereçam uma custódia nacional qualificada, de modo que a maioria ainda faz custódia em outros países.
Em relação ao possível estabelecimento de um mercado futuro para bitcoin, ethereum e outras moedas, Jochen afirma que trará novidades “nos próximos meses”. “As entregas de novos produtos virão em ‘pipeline’ e não em um só grande lançamento”, aponta.
O diretor da B3 esclareceu ainda que a entrada da bolsa em criptomoedas faz parte da estratégia que a companhia tem de explorar ao máximo seu negócio principal e adjacências.
“Ativos digitais estão dentro das adjacências. Olhamos para eles desde 2016, quando tínhamos um viés mais de tecnologia, que nos levou ao investimento na R3”, diz, referindo-se à plataforma de blockchain para mercados regulados.