Aumenta financiamento imobiliário problemático

Operações inadimplentes ou renegociadas após atraso no pagamento do financiamento saltaram de R$ 14,428 bilhões em dezembro de 2018 para R$ 29,334 bilhões deste ano

O Banco Central passou a monitorar os riscos dos créditos imobiliários com recursos do FGTS, por causa da elevação dos ativos problemáticos – operações inadimplentes ou renegociadas após atraso no pagamento do financiamento. Essas transações saltaram de R$ 14,428 bilhões em dezembro de 2018 para R$ 29,334 bilhões em setembro último. A taxa de inadimplência das operações subiu de 1,47% para 2,45% no período.

O alerta foi dado no Relatório de Estabilidade Financeira do 1º semestre, que notou crescimento dos ativos problemáticos, na contramão das carteiras de crédito total dos bancos. “O maior aumento em termos de ativos problemáticos ocorre para os tomadores com renda inferior a dois salários mínimos. Mesmo com a melhoria do cenário econômico, o nível de ativos problemáticos dessa linha manteve-se em patamar elevado, e, portanto, essa é uma carteira a ser observada em termos de cenário prospectivo de risco”, diz o documento.

O relatório não particulariza as instituições financeiras, mas a Caixa detém 94% do mercado, com uma carteira que somava, em setembro, R$ 332 bilhões.

Na primeira onda da pandemia, os riscos de calote aumentaram de forma geral, mas, com o decorrer do tempo, o volume de ativos problemáticos diminuiu. No crédito imobiliário, no entanto, embora tenha ocorrido diminuição dos ativos problemáticos nos empréstimos com recursos da poupança, voltados a pessoas com renda mais alta, houve aumento nas operações com dinheiro do FGTS. “As famílias de baixa renda são as mais afetadas pela perda de emprego e renda”, diz Bolivar Moura Neto, ex-secretário-executivo do conselho curador do FGTS. Para ele, o quadro não afeta o patrimônio do FGTS – o risco é do agente financeiro. O FGTS está exposto ao risco dos bancos, dos quais o principal é a Caixa, 100% controlada pelo Tesouro. A Caixa diz não ter “riscos para os resultados e o equilíbrio patrimonial”.

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