Após 2º trimestre, o que esperar das ações de empresas financeiras e não bancárias?

Passada a temporada de balanços do segundo trimestre, no que deve mirar o investidor de ações
Pontos-chave:
  • Temporada avivou otimismo de analistas para Itaú, Banco do Brasil, entre outras empresas

Passada a temporada de balanços do segundo trimestre, no que deve mirar o investidor de ações de bancos e de financeiras não bancárias?

Confira um resumo do que foi a temporada e em que os analistas estão de olho para os próximos trimestres.

Bancos

Itaú Unibanco (ITUB4) e Banco do Brasil (BBAS3) foram os destaques positivos, com crescimento da margem financeira, controle da inadimplência e dos custos e níveis de rentabilidade acima de 20%.

Nubank (ROXO34) e Inter (INBR32) tiveram forte crescimento do lucro apoiados em sólida expansão das receitas por cliente e ganhos de eficiência.

O BTG Pactual (BPAC11) teve incremento dos lucros, na esteira de receitas acima do esperado na sua área de negociação (sales and trading), num trimestre forte do mercado doméstico de ações.

Em contrapartida, Bradesco (BBDC4) e Santander Brasil (SANB11) tiveram queda no lucro com desempenho operacional fraco, contração na carteira de crédito e piora da inadimplência.

Fachada de agência do Itaú Unibanco. Foto: Divulgação

No que prestar atenção daqui em diante

Com Selic em queda, analistas avaliam que Santander e Bradesco podem ser os mais beneficiados comparativamente com a queda dos juros, embora o ritmo dos cortes deva ser gradual.

No curto prazo, o foco ainda é a qualidade da carteira de crédito e as margens com clientes. As apostas majoritárias são de que Itaú e BB seguirão mantendo desempenhos superiores.

Em relação a Nubank e Inter, as apostas estão divididas, com parte dos analistas considerando que o rali das ações nos últimos meses já espelha a expectativa de crescimento de ambos.

A ação do Nubank acumula valorização de cerca de 75% em 2023, enquanto a do Inter disparou 116%.

“Vemos Banco do Brasil com o maior potencial de retorno no curto-prazo, mas também com um pouco mais de risco do que Itaú, dado a influência do noticiário político e especulações”, afirmou a equipe da Guide Investimentos.

“Até vermos melhorias mais claras de resultado e um viés mais positivo que justifique revisões de lucro, vemos Bradesco e Santander como pouco atrativos”, acrescentou o relatório da Guide.

Agência do Bradesco na Avenida Paulista. Foto: Nilton Fukuda/Estadão Conteúdo

Financeiras não bancárias

A B3 (B3SA3) reportou melhora de volume e de margens, num trimestre de aceleração no mercado de ações.

Já as seguradoras, incluindo Caixa Seguridade (CXSE3), BB Seguridade (BBSE3) e Porto Seguro (PSSA3), tiveram evolução nos indicadores de sinistros e bons resultados financeiros.

Assim como a B3, a XP (XP.O) colheu os frutos de um trimestre de recuperação dos ativos brasileiros.

A plataforma de investimentos também teve as receitas reforçada por uma aceleração no negócio de cartões e agradou analistas com o controle de custos.

Em contrapartida, a Cielo (CIEL3) mostrou desaceleração, perdendo a liderança para a rival Rede, além de aumento de gastos, deixando o cenário turvo para os próximos trimestres.

O que esperar

Daqui para frente, todos os olhos estarão concentrados nos efeitos da queda de juros.

No caso da XP, o foco será a capacidade da companhia de entregar o prometido aumento da rentabilidade nos próximos trimestre.

“Esperamos que o XP se beneficie da melhora da atividade do mercado, especialmente em 2024, com cortes mais pronunciados nas taxas de juros”, afirmou o Santander em relatório.

Para B3, a expectativa é de a companhia transforme o aumento dos preços médios de negociação e o controle de custos em lucros crescentes no segundo semestre, considerou o Itaú BBA.

“Muitas das notícias negativas estão no passado e, embora as tendências atuais de primeira linha não sejam fantásticas, um cenário futuro melhor com taxas de juros em queda provavelmente começará a pesar mais na história do investimento”, afirmou Pedro Leduc, do BBA.

No caso de Cielo, “a combinação de perdas de volume no negócio de adquirência e maior gasto com custos de vendas, gerais e administrativos, é particularmente preocupante para a companhia no segundo semestre (e provavelmente para todas as empresas da indústria)”, considerou o Itaú BBA.

Seguros

O BTG Pactual reforçou a recomendação de compra para Porto Seguro, avaliando que a companhia está entrando num ciclo de lucratividade crescente, apoiada pelo setor de auto.

Apostando em resultados financeiros crescentes e controle dos níveis de sinistros nos próximos trimestres, o Bank of America conservou recomendação de compra para as ações da Caixa Seguridade.

A BB Seguridade deve continuar a ser uma fortaleza pagadora de dividendos nos próximos anos, refletindo uma combinação de vendas fortes e baixo risco de inadimplência, afirmou o BTG Pactual, que segue recomendando a compra da ação.

A exceção à regra, ao menos por enquanto, deve ser IRB Brasil (IRBR3), com a resseguradora ainda com um longo caminho adiante para recuperar indicadores operacionais.

“Embora entendamos que a empresa está num processo de reestruturação e saudemos seu esforço para reduzir perdas, preferimos esperar que ela caminhe no seu plano”, afirmou o Santander.

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