Apollo pede aval para avançar em processo de compra da Braskem (BRKM5)

A indefinição quanto aos planos da Petrobras, dona de 47% do capital votante da petroquímica, tem atrasado o processo de venda

Empresas citadas na reportagem:

O processo de venda da Braskem (BRKM5) caminha lentamente para mais um capítulo, mas a indefinição dos planos da Petrobras (PETR3; PETR4) para sua fatia na petroquímica parece estar limitando o ritmo de evolução. Seis meses depois de ter encaminhado à Novonor uma nova proposta de compra e de solicitar centenas de informações sobre a companhia brasileira, a Apollo finalmente pediu autorização a seu “board” para seguir para a etapa mais complexa e cara da due diligence, apurou o Valor.

Segundo fontes próximas às negociações, a expectativa é que o conselho da gestora americana se posicione ainda nesta semana sobre o pedido, feito dias atrás. Embora tenha reiterado interesse no negócio, contaram as fontes, até agora a Apollo havia se limitado a pedir informações e documentos adicionais à petroquímica e à Novonor, que é assessorada pelo Morgan Stanley. “Foi uma due diligence dos negócios, até agora”, afirmou uma fonte.

A due diligence dos passivos da Braskem exigirá investimentos mais significativos, sobretudo no que tange ao problema geológico em Alagoas, e tende a ser mais extensa, acrescentou.

A proposta da Apollo compreende 100% das ações da petroquímica, incluindo portanto a fatia da Petrobras. E, apesar do “data room” recheado, ainda não há sobre a mesa uma oferta vinculante ou não vinculante de compra. “A due diligence para identificação de passivos também não começou”, disse uma das fontes.

A leitura é que a gestora estaria esperando a sinalização da Petrobras sobre o futuro de sua participação na Braskem para dar o próximo passo. Com a troca no governo federal, a estatal suspendeu a venda de ativos com contratos ainda não assinados por 90 dias, contados a partir de março, em meio à reavaliação da Política Energética Nacional e à reformulação do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) que estão em curso.

Há cerca de um mês, o novo presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, chegou a dizer à Bloomberg que a estatal poderia vender ou elevar sua participação na Braskem. Poucos dias depois, a petroleira informou que “não houve qualquer decisão da diretoria executiva ou do conselho de administração em relação ao processo”.

A Novonor controla a Braskem com 50,1% do capital ordinário e 38,3% do total. A Petrobras tem 47% das ações ON e 36,1% do total.

Prates não teria, até o momento, se reunido com Novonor para tratar do tema Braskem, disseram duas fontes. Conforme o Valor informou, há, dentro do novo governo, defensores da manutenção da Petrobras na indústria petroquímica, como fizeram outras grandes petroleiras. Além disso, a venda a estrangeiros de um ativo considerado estratégico não é bem vista por Brasília.

Do lado da Novonor, disseram as fontes, a intenção ainda é a de vender a petroquímica neste ano, inclusive porque a subida recente da taxa de juros eleva o tamanho de sua dívida. Mas parece cada vez menos provável que haja tempo hábil para fechamento da operação neste prazo.

Os bancos credores, que detêm ações da Braskem como garantia das dívidas que se aproximam de R$ 15 bilhões, por sua vez, não estariam pressionando por uma transação a qualquer preço, acrescentaram. No final do ano passado, a Novonor chegou a um acordo com os bancos, que agora consiste na prorrogação automática do prazo para venda da petroquímica por períodos de 30 dias.

Além da Apollo, outros dois potenciais compradores, Unipar e J&F Investimentos, seguem interessados na Braskem, com propostas de aquisição que preveem formatos diferentes e poderiam comportar o interesse da Petrobras em determinadas operações da petroquímica. Procuradas, Novonor, J&F e Unipar não comentaram. Apollo e Petrobras não deram retorno aos pedidos de posicionamento.

Por Stella Fontes e Ivo Ribeiro

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