Americanas acena com aporte de R$ 8,5 bi; bancos sinalizam que pode haver acordo com cifra maior
Os bancos credores da Americanas começaram a enviar sinalizações para que as negociações voltem a caminhar entre hoje e amanhã, depois de semanas de discussões em ritmo mais lento após a tensa reunião que ocorreu no mês passado com representantes da varejista e dos acionistas de referência (o trio formado por Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Beto Sicupira).
Ainda não há uma nova proposta nem mesmo uma reunião agendada até o momento, mas houve nos últimos dias indicações de que a capitalização a ser feita pelo trio de acionistas de referência poderia chegar a R$ 8,5 bilhões — o que representaria um aumento de R$ 1,5 bilhão em relação à oferta anterior, disseram fontes próximas às negociações.
Segundo o Valor apurou, a cifra da capitalização não é vista ainda como suficiente, mas apontaria para uma maior vontade dos acionistas de se chegar a uma solução na varejista. Inicialmente, os bancos falavam que o aumento de capital mínimo para salvar a varejista seria na ordem de R$ 15 bilhões. Nas últimas semanas, no entanto, já se discutia algo em torno de R$ 13 bilhões e agora um montante de R$ 10 bilhões começa a ficar mais palatável para se poder sentar à mesa para e avançar nas negociações.
Embora não tenha sido marcada uma nova reunião conjunta, o Rothschild, assessor financeiro da Americanas, tem feito conversas individuais com cada banco. Nelas, tem havido “avanços”, segundo um interlocutor.
Ao mesmo tempo, os credores da varejista mantêm conversas constantes para tentarem chegar a um consenso, disseram outras fontes.
Depois da reunião do último dia 16, que terminou em frustração, os bancos começaram a considerar que, com uma capitalização maior e alguns ajustes na proposta feita pela companhia, é possível chegar a um acordo. A condição é que haja uma capitalização maior. “É preciso pequenos aprimoramentos. Mas a chave é capitalização”, afirmou uma das fontes consultadas.
Pela última proposta, além da capitalização de R$ 7 bilhões (sendo que desse valor R$ 1 bilhão já foi injetado pelo trio no caixa da empresa), R$ 18 bilhões em dívidas seriam convertidos em ações e dívidas subordinadas. Também haveria a recompra de dívidas com valor de face de R$ 12 bilhões, com desconto (“haircut”, no jargão do mercado). A transação, ao final, reduziria muito a dívida da Americanas, que entrou em recuperação judicial com um endividamento de R$ 43 bilhões, e colocaria os bancos como importantes acionistas da Americanas.
Por Fernanda Guimarães e Talita Moreira, do Valor Econômico
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