Itaú BBA diz que modelo de negócio da XP é sustentável e recomenda compra das ações

Para analistas do banco, fundos da plataforma de investimentos não dependem de COE

Após o polêmico relatório de uma casa de análise americana que acusou a XP Investimentos (XPBR31) de ser um “esquema de pirâmide de Ponzi”, o Itaú BBA iniciou a cobertura das ações da corretora nesta terça-feira com recomendação de compra e preço-alvo de US$ 20 para os papéis listados na Nasdaq, bolsa de valores de Nova York.

O Itaú BBA afirma em relatório que o modelo de negócio da XP exibe crescimento forte durante períodos favoráveis ao mercado de capitais, impulsionada por investidores de varejo, e, ao mesmo tempo, janelas de juros mais altos. Assim, a corretora tem um novo capítulo pela frente para aumentar a sustentabilidade do negócio por meio de novas formas de rentabilizar vendas, notam os analistas.

Estratégia da XP (XPBR31) de consolidar AAI é ‘positiva’, diz BBA

A XP Investimentos esteve à frente do holofote do mercado financeiro na última semana após ser alvo de um relatório da americana Grizzly Research. O documento recomendava a venda alugada do papel, uma operação de short selling que pressionou as ações na última quarta-feira.

A Grizzly acusou a XP de operar sob um modelo de negócio de pirâmide de Ponzi com base na rentabilidade de fundos offshore Gladius e Coliseu. A receita destes fundos, disse a casa de análise, depende da venda de COE (Certificado de Operações Estruturadas).

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    As ações da XP Investimentos em Nova York chegaram a cair mais de 5% na quarta-feira. Mas se recuperaram com ganhos de 2,64% em cinco dias.

    O Itaú BBA, por outro lado, vê as operações da XP embarcando em um novo capítulo, no qual a corretora tenta afinar sua relação com a rede de agentes autônomos de investimento (AAI) entre os 930 escritórios contratados.

    Além disso, a XP quer incentivar novos modelos de monetização de clientes e criar um canal direto para atendimento.

    Todos esses passos são positivos para a XP (XPBR31), argumenta o Itaú BBA em relatório.

    “Vemos essa estratégia como positiva”, escreveram os analistas financeiros liderados por Pedro Leduc, do BBA. “Aceitamos os desafios que são gerados no curto prazo em troca de ganhos no médio prazo.”

    Mesmo sem a melhora do mercado brasileiro, a XP demonstrou resiliência no volume de títulos de renda fixa negociados no último trimestre. Isso ao mesmo tempo, em que “bancos começaram a reduzir o risco” de seus balanços, diz o BBA.

    Os analistas acreditam que a XP (XPBR31) pode crescer 16% entre 2025 e 2027 e, assim, nomeia a empresa como uma “top pick” da cobertura de ações de bancos e financeiras. “Ao lado do BTG (BPAC11) e preferível sobre a B3 (B3SA3).”

    Itaú BBA: fundos da XP não dependem de COE

    No documento em que acusa a XP de ser uma pirâmide, a Grizzly Research afirma que os rendimentos dos fundos offshore que abrigam as receitas com spreads de vendas da corretora, o Gladius e o Coliseu, têm sua receita oriunda principalmente do COE (Certificado de Operações Estruturadas).

    A casa de análise americana afirma que o retorno positivo do Gladius de 93% ao ano desde 2019 se deve ao COE.

    Em nota, a XP (XPBR31) Investimentos afirma que o instrumento representa somente 3% do R$ 1 trilhão que possui de ativos sob custódia.

    A corretora foi uma das primeiras no mercado a vender operações estruturadas aos investidores de varejo em pacotes na forma do COE. Segundo números próprios, ela é responsável por 23% do volume de R$ 40 bilhões emitidos em operações estruturadas.

    O Itaú BBA reconhece que o COE contribuíram para a receita dos fundos Gladius e Coliseu e que, por sua vez, foram responsáveis por 20% do faturamento bruto da XP em 2024.

    Mas a margem é uma fração dos 20% contabilizados, o que significa que “o COE não é o único direcionador do desempenho” dos fundos da XP localizados nas Ilhas Cayman, diz o BBA.