Tombo de ações da Petrobras (PETR4) vira oportunidade de compra? BTG diz que sim

Goldman Sachs avalia que comentários de Jean Paul Prates frustraram as expectativas dos acionistas que esperam um robusto pagamento de dividendos extraordinário

As ações da Petrobras (PETR4) tombaram acima de 5%, para R$ 40,43 no pregão de quarta-feira (28), no embalo das declarações de seu presidente, Jean Paul Prates, de que a empresa será cautelosa quanto à aprovação de potenciais dividendos extraordinários.

Em entrevista à Bloomberg, Prates disse que a posição mais conservadora na distribuição de proventos pode ocorrer à medida que a petroleira se prepara para fazer investimentos em segmentos de energia renovável nos próximos anos.

Recomendação de compra

Para analistas do mercado financeiro, os comentários do chefe da estatal “frustraram” as expectativas dos acionistas, o que explica a firme baixa na bolsa.

“A maioria dos investidores com quem interagimos nas últimas semanas estão focados no potencial anúncio de dividendos extraordinários a ser feito junto com o balanço do 4º trimestre de 2023”, observa o Goldman Sachs em relatório.

Para o banco americano, a companhia poderia aprovar a distribuição de até US$ 8 bilhões em proventos adicionais no próximo dia 7 de março, quando o desempenho financeiro entre outubro e novembro do ano passado será revelado.

Contundo, mesmo com o desempenho negativo na sessão de quarta, que zerou os ganhos da Petrobras em fevereiro, o Goldman Sachs mantém a recomendação de compra para os papéis da empresa, com preço-alvo de R$ 44,40

Mais especulação

Na mesma linha dos estrangeiros, o BTG Pactual também sustenta a recomendação de compra para as ações da Petrobras (PETR4). O banco de investimentos brasileiro tem preço-alvo de R$ 47,00 para os papéis.

Na avaliação do BTG, a empresa teria espaço para anunciar US$ 4 bilhões em dividendos extraordinários a serem declarados nos resultados do 4T23. Porém, a impressão do banco é que muitos investidores já começaram a precificar pagamentos acima de US$ 5 bilhões.

“Portanto, a declaração do CEO prejudica esse ponto”, frisa a análise do BTG.

“Para uma empresa que historicamente não conseguiu extrair retornos elevados sempre que decidiu crescer e diversificar, acreditamos que os investidores assumirão, sem dúvida, que uma parte significativa do potencial de distribuição extraordinária de dividendos poderia ser alocada em investimentos com retornos aquém do esperado”, prossegue o BTG em relatório.

PETR4: hora de entrar?

Adicionalmente, para reiterar a recomendação de compra, o banco menciona uma abordagem pragmática do governo, uma vez que as distribuições das empresas públicas poderiam reforçar as contas fiscais do país.

“Prevemos a continuação da especulação até ao anúncio dos dividendos na próxima semana, mas, em última análise, pensamos que ainda é justo assumir pagamentos robustos, uma vez que um cenário de não distribuição resultaria numa posição de caixa crescente nos próximos anos (o que contradiz as nossas premissas de pragmatismo e processos graduais de M&A)”, continua a análise.

“Vemos a Petrobras sendo negociada com um yield de fluxo de caixa de 16% em 2024 (a USD75/bbl Brent), um desconto em comparação com outras grandes empresas globais (yield de caixa de 12%) e vemos a reação do mercado como um bom ponto de entrada para a ação. COMPRAR!”, completa o BTG.

O que diz a Petrobras

Após o fechamento do mercado, diante da repercussão da entrevista de Jean Paul Prates, a Petrobras divulgou um esclarecimento. Confira a seguir a íntegra da nota:

“Petrobras, em relação às notícias divulgadas na mídia, informa que não há qualquer decisão tomada em relação à distribuição de dividendos ainda não declarados.

As decisões da Administração sobre dividendos, incluindo a proposta de destinação do resultado a ser submetida à aprovação da Assembleia Geral Ordinária marcada para 25/04/2024, serão são tomadas com base na nova Política de Remuneração aos Acionistas da Companhia, aprovada pelo Conselho de Administração em 28/07/2023 (“Política” ou “nova Política”).

Em linhas gerais, a nova Política dispõe que ‘em caso de dívida bruta igual ou inferior ao nível máximo de endividamento definido no plano estratégico em vigor e de resultado positivo acumulado, a serem verificados no último resultado trimestral apurado e aprovado pelo Conselho de Administração, a Companhia deverá distribuir aos seus acionistas 45% do fluxo de caixa livre’”’. A fórmula da Política ‘será aplicada, a cada trimestre, sobre os fluxos de caixa do consolidado da Companhia do respectivo trimestre’.

Os valores relativos às recompras de ações realizadas pela Companhia, apresentadas na demonstração dos fluxos de caixa do consolidado de cada período, serão deduzidos do valor resultante da fórmula aplicada a cada trimestre.

Além disso, ‘A Companhia poderá, em casos excepcionais, realizar a distribuição de remuneração extraordinária aos acionistas, superando o dividendo mínimo legal obrigatório e/ou os valores estabelecidos nos itens 4.1 e 4.2, desde que a sustentabilidade financeira da Companhia seja preservada’.

A Petrobras reforça, por fim, que busca, por meio Política, garantir a sua perenidade e sustentabilidade financeira de curto, médio e longo prazos e conferir previsibilidade ao fluxo de pagamentos da remuneração aos acionistas.”