Sob estresse, sistema financeiro russo não conseguirá cumprir obrigações, diz J.P. Morgan

Na avaliação dos profissionais do J.P., o banco central russo terá poucas ferramentas para desacelerar a dolarização e os saques de depósitos

Embora os detalhes das sanções anunciadas por países do Ocidente durante o fim de semana ainda não tenham sido revelados, as penalidades irão atingir duramente a economia russa, “que parece destinada a uma profunda recessão e à imposição de controles de capital”.

A avaliação é dos economistas do banco de investimentos americano J.P. Morgan, para quem o sistema financeiro da Rússia está “sob enorme estresse, já que não será capaz de cumprir suas obrigações de
financiamento, apesar de ter um superávit em conta corrente”.

Na avaliação dos profissionais do J.P., o banco central russo ficará limitado a apenas elevar os juros para desacelerar a dolarização e os saques de depósitos, além de implementar controles de capital para limitar saídas de dinheiro da Rússia. Eles apontam, ainda, que a autoridade monetária pode se ver forçada a impor a repatriação obrigatória das receitas de exportação. “É difícil avaliar a magnitude dos aumentos potenciais [de juros], mas suspeitamos que algo abaixo do nível de 20% para a taxa básica pode não ser suficiente”, dizem.

Os economistas do J.P. apontam, ainda, que os acontecimentos dos últimos dias produziram “um choque maciço na confiança” e avaliam que, embora as dificuldades operacionais que as sanções já implementadas terão na economia real ainda não estejam claras, haverá um grande impacto imediato na atividade econômica. “No entanto, parece seguro supor que um estresse significativo no sistema financeiro e um choque na confiança produzirão um grande impacto no crescimento nos próximos meses. A proibição do Swift para bancos selecionados tornará mais difícil e mais cara a conclusão de transações domésticas para os bancos russos, mas eles ainda poderão fazê-las.”

O J.P. Morgan estima que a economia russa deve enfrentar uma contração de 20% no segundo trimestre em base anualizada e de 3,5% em todo o ano de 2022. “Mas a margem de erro para qualquer estimativa desse tipo é incrivelmente alta neste momento, e os riscos estão fortemente viesados para o lado negativo”, apontam os economistas.

Além disso, eles notam que a depreciação do rublo permanece uma questão em aberto “e isso, juntamente com compras de pânico, logística e outros obstáculos de oferta provavelmente serão o principal canal para elevar a inflação no curto prazo”. O J.P. estima que a inflação deve acelerar para 10% neste ano, com riscos inclinados para cima.

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