Santander Brasil (SANB11) deixa pior para trás e volta a acelerar, mas não será o mesmo

Agronegócio, alta renda, pequena e média empresa são alguns dos focos do banco para crescer com rentabilidade

O Santander Brasil (SANB11) sinalizou nesta quarta-feira (25) que terá focos diferentes para voltar a acelerar seu negócio.

“Estou mudando o viés do banco, que por décadas, foi muito concentrado em crédito para consumo”, disse a jornalistas o presidente-executivo da instituição, Mario Leão.

Os comentários ocorrem no momento em que o banco concluiu um período de recuperação, tendo estabilizado seus índices de calotes pela primeira vez após dois anos em alta.

Esse ciclo pós-pandemia, marcado por inflação e juros simultaneamente altos, prejudicou com mais força o banco tradicionalmente concentrado em crédito para o consumo.

Além disso, a queda no poder de compra das famílias deixou bancos tradicionais em desvantagem num período de crescimento acelerado dos bancos digitais.

Dessa forma, o foco do Santander Brasil em nichos como agronegócio, varejo de alta renda e pequena e média empresa, que já vinham se destacando em trimestres anteriores, ficou ainda mais destacado.

A carteira de crédito do agronegócio fechou setembro em R$ 48,7 bilhões, um salto de 37% em 12 meses.

Isso é mais de quatro vezes o crescimento da carteira total de crédito do banco, de 7,9%.

Como comparação, a carteira de financiamento ao consumo encolheu 2,7%.

Ao mesmo tempo, o Santander Brasil vem ampliando a oferta de serviços e produtos para públicos selecionados.

Junto com os resultados, Leão anunciou o lançamento do Select Global, sua conta internacional, um movimento já posto em marcha por Itaú Unibanco, Bradesco e XP, entre outros.

Aumentar a rentabilidade

O objetivo principal dessa virada, segundo Leão, é deixar o banco menos dependente do cenário econômico e do ambiente concorrencial para obter rentabilidade.

No terceiro trimestre, o chamado retorno sobre o patrimônio líquido do Santander Brasil ficou em 13,1%, já melhor na base sequencial, mas ainda abaixo dos níveis de um ano antes.

“É um patamar para ficar orgulhoso? Não. Mas esperamos evoluir no quarto trimestre, em 2024 e em 2025”, disse o executivo.

Ao mesmo tempo, o Santander Brasil deve buscar uma forma diferente de atender públicos de menor renda, afirmou, para tornar a operação lucrativa.

“O nosso custo de servir na baixa renda tem que cair muito, mais de 50%”, disse Leão, agregando que a rentabilidade do banco nesse negócio hoje é negativa.

Reação

Os resultados trimestrais e as sinalizações do banco a analistas e jornalistas eram bem recebidas pelo mercado.

Na bolsa paulista, a unit do Santander Brasil (SANB11) tinha alta de 0,3%, enquanto o Ibovespa cedia 0,1%

Em relatório, o BTG Pactual elogiou linhas do resultado do banco, como o controle da inadimplência, a captação de depósitos de clientes e o aumento das receitas com tarifas e seguros.

“Estávamos mais confiantes nos primeiros sinais de recuperação nos resultados do banco”, afirmou Eduardo Rosman e equipe, após encontro com Leão meses atrás.

O BTG decidiu então elevar a recomendação para a unit, de venda para neutra.

“Estamos satisfeitos por termos atualizado as ações no início do mês e acreditamos que os números do terceiro trimestre do Santander podem ajudar a impulsionar o sentimento do mercado em relação aos bancos”, acrescentou o BTG.