MRV (MRVE3) ou Cury (CURY3)? As melhores ações de construção para investir hoje
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O setor de construção e suas ações começaram 2025 com o pé direito que vai do terreno ao Ibovespa. As construtoras sobem em média quase 5% na bolsa neste janeiro devido ao otimismo do mercado financeiro com as prévias de resultados operacionais divulgados. Cury (CURY3), MRV (MRVE3) e Direcional (DIRR3) são destaques entre operadoras imobiliárias do programa Minha Casa, Minha Vida, e, segundo analistas, estão entre as melhores ações para se investir.
Mas analistas ponderam que a inflação da construção está voltando e traz um banho de água fria para o setor de construção e suas ações. O INCC (Índice Nacional de Construção Civil) medido pela FGV subiu 6,31% em 2024, acima do IPCA. Nesse sentido, a empresa que souber repassar melhor os preços de projetos em lançamentos ganha o troféu de queridinha dos analistas.
Ações de construção do Minha Casa, Minha Vida são destaque
O mercado financeiro está hoje posicionado mais em papéis de construção de baixa renda. Apesar de todo o setor estar em alta na bolsa de valores, as construtoras que aderem ao MCMV têm uma pimenta a mais para proteger o investidor do ambiente negativo de juros e inflação.
O Bank of America explica o porquê: clientes do programa habitacional atendido por companhias como MRV (MRVE3), Cury (CURY3) e Plano&Plano (PLPL3) sofrem menos com taxas altas de juros. A Caixa Econômica Federal tem taxas de subsídio fixas para os contratos do MCMV.
Enquanto a taxa Selic projetada para o ano é de cerca de 15% ao ano, a de subsídio é próxima de 8%. Além disso, o financiamento do programa vem do FGTS (Fundo de Garantia de Tempo e Serviço), gerido pela Caixa, e não depende do orçamento do governo, o que o BofA vê como favorável.
Dentre ações de construção de baixa renda, o banco americano prefere as ações de Cury e Plano&Plano (PLPL3).
Cury (CURY3) e Plano&Plano (PLPL3) podem ganhar ainda mais
Na Cury, o destaque do analista Daniel Nigri, diretor do Dica de Hoje Research, está no aumento de vendas líquidas. No quarto trimestre, a Cury vendeu R$ 1,4 bilhão em imóveis, alta de 57% contra o mesmo período de 2023. No ano, o faturamento foi de R$ 6,6 bilhões.
A velocidade de venda sobre ofertas também surpreendeu, aponta Nigri, com 43% de margem líquida em vendas sobre oferta dos imóveis sob estoque.
“Apesar da surpresa positiva, o risco da Cury é que talvez a empresa tenha atingido seu teto”, destaca Nigri. Tanto as vendas líquidas quanto a velocidade de vendas da construtora ficaram estáveis na comparação trimestral.
Além da Cury, o Santander recomenda outra ação de construção: a Plano&Plano (PLPL3). Para o banco, o papel tem potencial de valorização de 78% na bolsa.
A Plano&Plano se beneficia, por exemplo, de outro programa habitacional: o Pode Entrar, da Prefeitura de São Paulo. Na semana passada, o órgão municipal anunciou aumento da faixa salarial atendida.
“Acreditamos que uma alta no teto salarial do programa pode aumentar a demanda na cidade e abre margem para reajuste de preços dos imóveis para compensar a inflação”, diz o Santander. A Cury lançou 5 empreendimentos em São Paulo no quarto trimestre e também pode se beneficiar com o programa.
Direcional (DIRR3) conta com a força dos dividendos
Nigri cita, contudo, que das ações de construção, quem deve ganhar impulso no quarto trimestre é a Direcional (DIRR3).
“A construtora conseguiu garantir parte dos contratos do Pode Entrar em São Paulo”, diz o analista. “E, além disso, teve evolução de lançamentos e mais crescimento de 60% em valor geral de vendas de imóveis entre 2023 e 2024”, completa Nigri
Já para Tomas Barros, analista de ações da AZ Quest, a Direcional (DIRR3) bate a Cury (CURY3) em total de dividendos a serem repassados a acionistas.
A previsão é de que a construtora pague R$ 700 milhões a acionistas em 2025. “Apesar do montante ser menor para a Cury, a periodicidade dos dividendos dela é menor”, acrescenta Barros.
MRV (MRVE3) é ação de construção mais barata, mas traz riscos
O banco americano reforçou uma visão “construtiva” para a empresa de Rubens Menin após a prévia operacional.
A MRV (MRVE3) é, segundo projeções do BofA, a ação de construção com maior potencial de alta no Ibovespa.
A assimetria de preços – o valor da ação da MRV hoje vale menos do que o valor do patrimônio dividido pelos papéis em circulação – corrobora com um potencial de alta de 127%, segundo o BofA.
No quarto trimestre, a MRV conseguiu inverter a geração negativa de caixa de R$ 237 milhões em positiva, na ordem de R$ 422 milhões. A virada contribuiu para “a queda de percepção de risco” sobre a empresa, concluiu o Bank of America.
“MRV (MRVE3) talvez seja a maior oportunidade”, concorda o diretor da Dica de Hoje.
“Ela tem o desinvestimento da Résia e um plano de desalavancagem de US$ 800 milhões, por um lado. Por outro, ainda tem riscos de alavancagem muito ligados aos juros. É para os investidores mais arriscados”, afirma Daniel Nigri.
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