Magazine Luiza (MGLU3): ajuste de R$ 830 milhões pode gerar ruídos, diz BTG Pactual

Itaú BBA destaca crescimento fraco em vendas do e-commerce próprio

Após a divulgação do resultado financeiro do Magazine Luiza (MGLU3) no terceiro trimestre, o banco BTG Pactual afirmou em relatório que a inconsistência contábil descoberta pela varejista de Luiza Trajano, de R$ 830 milhões, pode gerar “ruídos sobre o controle de balanço da empresa”.

Já analistas do Itaú BBA destacaram o fraco crescimento do e-commerce próprio do Magalu, que está estagnado desde o ano passado. As vendas no varejo online com estoque próprio do Magazine Luiza (MGLU3) recuaram 4,3% entre agosto e junho de 2023, saindo de 3,4% no mesmo período do ano passado.

Santander sobre Ebitda do Magalu (MGLU3)

O Magazine Luiza (MGLU3) comunicou ao mercado na noite de segunda-feira (14) um ajuste devido à “incorreções em lançamentos contábeis” na conta de bonificações a fornecedores. A descoberta vem de uma investigação realizada pela própria empresa.

O bônus indevido, que custou R$ 830 em patrimônio líquido ao Magalu, foi compensado por um crédito de R$ 507,4 milhões, informou a companhia. O ajuste se baseou na decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ) em não reconhecer a incidência de PIS/Cofins sobre bônus a fornecedores, além da “opinião dos assessores legais” do Magalu.

O impacto negativo no patrimônio, portanto, foi de R$ 322 milhões. O ajuste no patrimônio, contudo, levou o banco Santander a rebaixar o Ebitda acumulado do Magazine Luiza (MGLU3) entre 2020 e 2022. De acordo com a estimativa do banco, o resultado operacional foi 25% menor neste período do que o reportado.

Segundo o Magalu, o ajuste “não tem impacto sobre o caixa” da empresa. Mas o BTG comenta em relatório que o ajuste pode gerar desconfiança dos investidores sobre o fluxo de aumento de oferta na cadeia do Magalu.

Itaú BBA destaca crescimento fraco no e-commerce próprio

O time de analistas liderados por Thiago Macruz, do Itaú BBA, destacou que o Magazine Luiza (MGLU3) enfrenta um cenário “desafiador” na categoria de varejo online. Do lado positivo, o prejuízo ajustado no trimestre de R$ 143 milhões veio abaixo da estimativa do banco, de R$ 176 milhões.

“Números fracos no e-commerce próprio, tanto no online quanto no offline, mostram que o cenário do topo para baixo continua desafiador para a categoria”, afirmam analistas do Itaú BBA.

As vendas totais em lojas físicas subiram 2,3% no trimestre, número considerado por analistas de bancos de investimento como modesto.

Em relatório, a XP Investimentos afirma que o varejo online direto e lojas físicas “continuam pressionados por um cenário macroeconômico desafiador”. A companhia divulgou uma queda de 2,6% na receita líquida na comparação anual.

O ‘lado bom’ para Magazine Luiza (MGLU3) segundo bancos

Apesar de elencarem pontos de atenção para os investidores, os bancos destacaram melhoras no resultado financeiro do Magazine Luiza (MGLU3).

O Itaú BBA, por exemplo, sublinhou o aumento de 0,9 ponto percentual na margem bruta da empresa. A expansão de margens teve impacto positivo de serviços e levou a um aumento de 5,6% para 5,7% na margem Ebitda.

Já o BTG Pactual projeta “uma melhoria na tendência de lucratividade” da varejista. O banco cita que o papel sofreu com desaceleração do e-commerce, além do impacto do ciclo de juros altos no Brasil. “Vimos um aumento na lucratividade que esperamos que persista para o próximo trimestre”, diz o BTG Pactual.

“Além disso, o Magazine Luiza (MGLU3) deve se beneficiar do modelo de comissões de vendedores, de negócios por vários canais e do corte de juros”, complementam analistas.

O BTG tem recomendação de compra para os papéis de Magazine Luiza (MGLU3), com preço-alvo de R$ 6. Já o Itaú BBA tem recomendação neutra e com preço-alvo de R$ 3. Por fim, o Santander, que também possui recomendação neutra, avalia valor da ação fixado em R$ 4,30.

Mesmo pressionada pelo ajuste contábil, os papéis de Magazine Luiza (MGLU3) operam em alta na bolsa de valores hoje. As ações ON subiam 1,73% às 16h42 no Ibovespa. O índice acumula alta de 2,35% nesta terça-feira.