Itaú (ITUB4) pode pagar mais dividendo extra em 2024, diz Milton Maluhy Filho

'Nosso objetivo não é reter capital além do que precisamos para manter a operação', apontou o CEO do banco

O presidente-executivo do Itaú Unibanco (ITUB4), Milton Maluhy Filho, sinalizou nesta terça-feira (7) que o banco pode voltar a pagar remuneração extraordinária aos acionistas em 2024.

O grupo anunciou na noite de segunda-feira (6) que teve lucro líquido recorrente de R$ 9,8 bilhões de janeiro a março, alta de 15,8% sobre um ano antes.

Adicionalmente, a remuneração regular para os acionistas referente ao período, na forma de dividendos e juros sobre o capital próprio, é de R$ 2,455 bilhões.

Um das linhas do balanço, o Índice de Capital Principal, ficou em 13%.

Esta é uma reserva que os bancos são obrigados pela regulação a ter para se protegerem contra perdas provocadas por vários riscos que envolvem a atividade bancária.

Então, como o índice ficou acima da meta definida pelo próprio Itaú, de 11,5%, em tese sobrariam recursos para distribuir aos investidores.

“Nosso objetivo não é reter capital além do que precisamos para manter a operação”, disse o executivo durante teleconferência com analistas.

Em fevereiro, o Itaú (ITUB4) anunciou dividendo extraordinário de R$ 11 bilhões sobre o resultado de 2023.

Dividendo extra em 2024: vem ou não vem?

Dessa forma, o banco avalia a eventual necessidade de capital adicional para fazer frente a mudanças regulatórias previstas para os próximos anos.

Uma delas será a exigência de capital para o chamado risco operacional.

Nas contas do banco, isso vai requerer aumento de reserva de capital de 1 ponto percentual nos próximos 4 anos.

Além disso, no ano que vem entram em vigor novidades nas regras contábeis (IFRS), o que também pode requerer mais capital regulatório.

Por fim, o Itaú (ITUB4) avalia oportunidades de comprar negócios, o que também pode requerer algum dinheiro, embora Maluhy Filho tenha descartado planos para aquisições significativas no Brasil ou no exterior.

“Estar capitalizado é um bom problema”, declarou o executivo. “Mas vamos fazer um novo dividendo extraordinário, se for o caso”, concluiu.

Confira outros destaques das teleconferências do banco sobre os resultados do primeiro trimestre.

Crédito e inadimplência

“A gente continua acreditando bastante no guidance de crédito”, disse o CEO do Itaú.

A declaração foi uma reposta a questões sobre o crescimento da carteira, de 2,8% em 12 meses até março.

Então, o número ficou abaixo da previsão do próprio banco, que é de expansão de 6,5% a 9,5% ao longo do ano.

Segundo Maluhy Filho, as originações de crédito no atual trimestre estão crescendo forte, indicando que os empréstimos estão ganhando tração.

Já em relação à qualidade da carteira o executivo sinalizou que a tendência é de manutenção dos atuais índices, ou mesmo leve queda ao longo do ano.

Assim, no primeiro trimestre o índice de atrasos acima de 90 dias na carteira do Itaú foi de 2,7%, ante 2,9% um ano antes.

Inundações no Rio Grande do Sul

Então, Maluhy Filho citou uma série de medidas do banco para apoiar a população afetada pelas inundações no Rio Grande do Sul.

Elas incluem:

  • Suspensão de mensalidades e tarifas de conta corrente e na Rede (maquininhas) por ao menos três meses;
  • Repactuação de parcelamentos (pular parcelas) para clientes que precisarem;
  • Clientes em atraso terão a suspensão temporária de cobrança.

O executivo revelou que 56 agências do Itaú no estado tiveram as operações afetadas, total ou parcialmente.

Repercussão

Por volta das 12h (horário de Brasília) a ação do Itaú (ITUB4) avançava 1,6%, a R$ 32,93. No mesmo horário, o Ibovespa subia 0,87%.

Assim, analistas consideraram que o balanço trimestral mostrou desempenho robusto do Itaú no trimestre.

“O trimestre refletiu sólida geração de receitas e controle de custos”, afirmou o Bank of America ao manter a recomendação de compra para as ações.

“Apesar de um trimestre sazonalmente mais fraco em termos de margem financeira e taxas, o Itaú relatou um bom controle de despesas e um custo de risco saudável”, emendou o Goldman Sachs, também reiterando sugestão de compra para os papéis.