IPO da Porsche: vale a pena investir no setor automotivo?

E mais: como saber se um IPO merece ou não o seu dinheiro?

IPO da Porsche deve movimentar 9,4 bilhões de euros. Foto: Divulgação
IPO da Porsche deve movimentar 9,4 bilhões de euros. Foto: Divulgação

As ações da Porsche estrearam na bolsa de Frankfurt, na Alemanha, nesta quinta-feira. Há pouco, as ações tinham alta de mais de 4,14% em seu primeiro dia de negociações. Os papéis estão cotados em 85,92 euros, acima do preço estabelecido no IPO em 82,50 euros. O preço dá um valor de mercado de aproximadamente 75,6 bilhões de euros, ou US$ 72,9 bilhões, para a subsidiária da Volkswagen.

Ontem, a montadora alemã Volkswagen, empresa que tem a Porsche como controladora, disse que precificou a oferta pública inicial de ações (IPO) da Porsche no topo da faixa-alvo, a 82,50 euros por ação. A Porsche disse que deve levantar 9,4 bilhões de euros com a oferta de cerca de 114 milhões de ações preferenciais.

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Os resultados financeiros da companhia animaram investidores de todo o mundo. Com receita de 33 bilhões de euros em 2021, Ebitda de 7,4 bilhões de euros e lucro operacional de 5,3 bilhões de euros, a empresa deve registrar o segundo maior IPO da história da Alemanha, de tantos investidores que deve atrair.

A quantas anda o setor automobilístico pelo mundo?

Aproveitando o IPO da Porsche, vamos abordar dois assuntos: o setor automotivo em si e o IPO – não apenas deste caso da montadora de carros de luxo, mas abertura de capital de um modo geral.

Crise nas bolsas europeias

Primeiro, vamos ver a quantas anda o segmento no mercado internacional.

O setor vem apanhando nas bolsas europeias. O motivo? A União Europeia está cada vez mais firme na decisão de reduzir as emissões de dióxido de carbono. As montadoras, por sua vez, estão tendo que vender cada vez mais carros elétricos para atender às metas de emissão.

Modelos elétricos mais baratos nos Estados Unidos

Nos Estados Unidos, a história é outra. Por lá, indústria automotiva é a maior do mundo e responde por 3% do PIB nacional.

A revolução fica por conta dos veículos elétricos, que estão cada vez mais com preços competitivos. Tanto que um Volkswagen ID.4, por exemplo, tem preços a partir de US$ 40 mil. Um Tesla não sai por menos de US$ 48 mil – se for um SUV da marca, essa conta sobe para US$ 120 mil.

Com isso, as vendas dispararam. Nos primeiros seis meses deste ano, as vendas de veículos elétricos nos EUA subiram 68% em relação ao mesmo período do ano passado. Foram quase 313.000 carros vendidos.

Retomada do crescimento no Brasil

Aqui no Brasil, o segmento passou por uma grave crise com a falta de componentes. Isso fez com que as montadoras deixassem de fabricar 150 mil veículos até maio ou 5% do total das vendas projetadas para o ano, segundo a Anfavea (associação que reúne os fabricantes).

Porém, em agosto, o cenário mudou. A produção nacional foi de 238 mil veículos, uma alta de quase 9% em relação aa julho e crescimento de 44% sobre o mesmo mês do ano passado. Foi o primeiro mês de retomada geral das fábricas no Brasil, depois de um ano e meio com boa parte da produção paralisada.

Segundo a Fenabrave (entidade que congrega as distribuidoras de carros, comerciais leves, caminhões e ônibus novos) as vendas cresceram 14,6% em agosto em relação a julho. Comparando com agosto de 2021, a alta foi de 20,7%. Por outro lado, de janeiro a agosto, o resultado ficou negativo frente a igual período do ano passado, com queda nas vendas da ordem de 8%.

Quais empresas compõem o setor automotivo?

Dito todo esse cenário, vamos ao que interessa: o seu bolso.

É bom que se diga que, quando falamos sobre o setor automotivo, não estamos tratando apenas das montadoras.

Nesta conta, você deve olhar também para as fabricantes de implementos e autopeças, e também para as fabricantes de ônibus, caminhões e até para as locadoras – o que ajuda a diversificar sua análise e a carteira de investimento, se for o caso.

Veja abaixo alguns exemplos de empresas do setor automotivo, cujos papéis são negociados em bolsa:

  • TEGMA (TGMA4): logística e transporte de veículos;
  • IOCHPE-MAXION (MYPK3): fabricante de componentes;
  • FRAS-LE (FRAS3): fabricante de autopeças;
  • VAMOS (VAMO3): aluguel de caminhões e equipamentos;
  • MAHLE-METAL LEVE (LEVE3): fabricante de autopeças;
  • RANDON (RAPT4): fabricante de implementos rodoviários;
  • MARCOPOLO (POMO4): fabricante de carroceria de ônibus.

Como avaliar se o setor é bom para você

Para encontrar ações que valham a pena, seja no setor automotivo ou em qualquer outro, você deve começar se informando. Como fizemos para você neste texto até aqui. Saiba a quantas anda o setor dentro e fora do Brasil, o que está em jogo, o tamanho deste negócio em suas principais praças.

E, ao selecionar as empresas que você vai investigar antes de investir, você deve entender, pelo menos, como funciona o valuation da companhia em questão. Esse é um dado a ser considerado para qualquer ativo, até mesmo para um apartamento.

Os analistas recomendam que você deve comparar empresas parecidas com a analisada. É importante chegar a um valor estimando para os fluxos de caixa. Mas isso não é tão simples. É aí onde entram os consultores financeiros, analistas e uma gama de profissionais que estão no mercado para te dar esse suporte. Como você pode ler neste texto.

O que você deve considerar antes de entrar em um IPO

Seja da Porsche ou de qualquer outra empresa, você deve ponderar prós e contras antes de entrar em um IPO. Ao participar de uma oferta pública inicial, por exemplo, você será um dos primeiros investidores minoritários daquela companhia e muitas ações acabam se valorizando ao longo do tempo.

Por outro lado, empresas que tinham o capital fechado não apresentavam seus números para o mercado. Então, o histórico do resultado era um mistério.

Portanto, antes de entrar em um IPO é preciso ter cautela e considerar os pontos que elencamos abaixo:

1. Estude a empresa

Estudar a empresa e o mercado em que ela atua é o ponto-chave para qualquer um que queira participar de uma oferta pública. É preciso conhecer a companhia, analisar os relatórios e não concentrar todo seu investimento em um IPO.

2. Leia o prospecto

O prospecto, que é um documento com todas as informações sobre a empresa e as condições do IPO, deve ser seu guia. Muitas vezes ele tem centenas de páginas.

Você muito provavelmente não vai ler tudo, mas preste atenção em alguns pontos para tomar uma decisão bem embasada: saiba qual é a proposta da companhia, os objetivos da captação, conheça o setor em que ela atua e como o recurso será investido.

Os prospectos dos IPOs podem ser acessados no próprio site da B3. As informações te dão um norte, mas não devem ser determinantes. Os analistas informam que as empresas sempre vão passar dados muito bons. Portanto, você deve ser crítico e analítico.

3. Busque opiniões de fora

Procure opiniões de especialistas e depoimentos de profissionais de instituições e casas de análises especializadas. Entenda o que o mercado está dizendo sobre o IPO.  própria B3 alerta: “Na hora de avaliar uma oferta pública de distribuição, verifique também as análises feitas pelas corretoras sobre a empresa, dando especial atenção aos fatores de risco”.

4. Fique de olho no lock-up

O lock-up é uma cláusula contratual que te obriga a ficar com as ações da companhia durante um período determinado. Se você deseja participar de uma oferta pública com lock-up, fique atento ao prazo, ou poderá pagar uma multa se quiser se desfazer dos papéis antes da hora. Muitas investidores não se dão conta desse detalhe, que é de extrema importância.

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