Dividendos da Auren (AURE3) devem desacelerar em 2024, mas mercado vê lado bom

Saindo de ano extraordinário, dividendos da Auren (AURE3) devem cair em 2024; mercado ainda vê vantagem contra inflação

Os dividendos da Auren Energia (AURE3) devem desacelerar em 2024 após a distribuição extraordinária de R$ 1,5 bilhão no ano passado. Na visão de analistas entrevistados pela Inteligência Financeira, a margem de dividendos por ação não deve se repetir, e a empresa pode perder espaço para outras companhias de energia na carteira de dividendos.

A Auren, contudo, ainda tem espaço e condições de cumprir com o que prometeu a acionistas: a distribuição de 100% do lucro líquido em 2024. E isso levaria a geradora a distribuir em uma taxa acima da inflação.

Quanto a Auren deve pagar de dividendos em 2024?

A Auren se popularizou no setor de energia por uma margem de proventos alta em relação ao valor do papel na bolsa. A geradora de energia elétrica com usinas hidrelétricas e fotovoltaicas terminou 2023 pagando R$ 3,00 por ação, com uma margem de 24% de proventos sobre preço da ação, ou dividend yield.

Especialistas notam que a distribuição de dividendos em 2023 foi extraordinária. Isso porque a Auren remunerou acionistas com base na indenização paga pelo governo federal ao não reverter bens da Usina Hidrelétrica Três Irmãos. A instalação pertence à CESP, subsidiária da Auren.

A União concordou em pagar R$ 2,7 bilhão à Auren, o que gerou o pagamento de dividendos extraordinários. Agora, a geradora deve “voltar ao normal” na distribuição de proventos, afirma Arlindo Souza, analista da Levante.

“A empresa passa agora a distribuir exatamente o que ela de fato gera de lucro e de caixa”, aponta Souza.

A Levante estima que o dividendo potencial da Auren (AURE3) para 2024 é de R$ 0,71 por ação, ou um yield de 5,5% a acionistas, considerando o atual preço da ação (R$ 12,91). Ou seja, a companhia deixaria o yield extraordinário de 24% de 2023 para trás.

A Genial Investimentos possui a mesma previsão para os dividendos da Auren em 2024. Mas esse é considerado o “cenário base”, afirma Vitor Sousa, analista da Genial.

“Esse cenário desconsidera o que a Auren pode pagar de dividendos extraordinários. A depender do endividamento que ela consegue operar entre projetos, no melhor cenário, pode chegar acima de 10% de dividend yield

Dividendos da Auren devem bater inflação em 2024

Mesmo que o mercado aposte em uma queda, os dividendos da Auren em 2024 devem permanecer acima da inflação prevista no Boletim Focus. Economistas consultados pelo Banco Central apontam que o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) deve chegar a 3,80% em 2024.

Analistas ouvidos pela Inteligência Financeira ainda enxergam potencial nos dividendos da Auren. Souza, da Levante, explica que a empresa tem uma forte geração de fluxo de caixa livre.

Mais recentemente, a empresa iniciou a comercialização de energia de uma usina fotovoltaica no Piauí, enquanto iniciou a geração de energia em outra localizada em Minas Gerais.

Esses projetos devem reforçar a receita da Auren no longo prazo, afirma Hugo Queiroz, sócio da L4 Capital. “Não vejo impacto na distribuição de dividendos vindo dos novos projetos. Mesmo com a queda em dividendos, a Auren vai entregar crescimento, começando a se desalavancar na operação”, diz Queiroz.

Quem é ‘top pick’ para dividendos em Energia?

Analistas divergem sobre a ação da Auren (AURE3) para acionistas que preferem receber dividendos dentre as empresa de Energia na bolsa de valores.

Arlindo Souza, da Levante, prefere as ações da Isa Cteep (TRPL3;TRPL4) e da Engie (EGIE3) para quem gosta de receber proventos.

Já Queiroz afirma que a Eletrobras (ELET6) é uma boa tese para dividendos no futuro. “Em 24 meses, a Eletrobras (ELET6) deve virar a chave para ser uma boa distribuidora de dividendos, porque a empresa vem se desfazendo de ativos, diminuindo custo operacional e aumentando eficiência. Deve surgir um excedente de capital”, pontua.

A Genial Investimentos tem preferência pela Auren (AURE3) na tese de dividendos. Pensando na recuperação dos preços de energia prevista pelo mercado neste ano, a corretora elevou a ação de “manter” para “compra” na última quinta-feira (23).

“Mas não é um caso de multiplicação de capital. É mais por dividendos mesmo”, diz Vitor Sousa. O analista também prevê um espaço para a Eletrobras (ELET6) pagar dividendos. “Em teoria, ela pode pagar ainda neste ano.”