Copom diz que não dá mais pistas sobre juros por incertezas como preços de commodities

Ata da última reunião do comitê de política monetária do BC explica decisão de aumentar Selic

O Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central considerou mais adequado não sinalizar a magnitude dos próximos ajustes na taxa básica de juros (Selic) em razão da incerteza sobre preços de commodities e outros ativos importantes, além do estágio do ciclo de aperto monetário.

A avaliação foi publicada nesta terça-feira (8), na ata da reunião da semana passada, que levou a Selic a 10,75% ao ano, com alta de 1,5 ponto percentual. Na ocasião, o Banco Central (BC) indicou que vai reduzir o ritmo de elevação dos juros daqui em diante, mas não especificou a magnitude dos próximos ajustes.

“A incerteza particularmente elevada sobre preços de importantes ativos e commodities, assim como o estágio do ciclo, fez o Comitê considerar mais adequado, neste momento, não sinalizar a magnitude dos seus próximos ajustes”, afirmou a ata.

O comitê concluiu que a elevação de 1,50 ponto percentual na última decisão seguido de ajustes adicionais em ritmo menor nas próximas reuniões é a estratégia mais adequada para atingir aperto monetário suficiente para levar a inflação à meta ao longo do horizonte relevante (2022 e, em grau maior, 2023) e a ancoragem das expectativas.

O Copom avaliou ainda diferentes taxas terminais para a Selic, ritmos de ajuste e duração do aperto monetário em suas simulações.

“O Copom avaliou o ritmo apropriado de elevação dos juros. Para tal, analisou suas projeções de inflação utilizando simulações com trajetórias de política monetária com diferentes taxas terminais, ritmos de ajuste e duração do aperto monetário”, ressaltou.

Os cenários considerados, consistentes com a convergência da inflação para suas metas, pressupunham trajetória da taxa de juros superior às utilizadas no cenário de referência, que leva em conta as projeções do mercado coletadas no relatório Focus anterior à reunião.

No balanço de riscos, o BC ponderou que o risco de desancoragem das expectativas para prazos mais longos, derivado dos desenvolvimentos no cenário fiscal, mantém o viés altista para as projeções do seu cenário de referência.

“Como consequência, o Copom avaliou que, considerado esse viés devido à assimetria de riscos, suas projeções se encontram acima da meta tanto para 2022como para 2023. Diante desse resultado, novamente o Copom concluiu que o ciclo de aperto monetário deverá ser mais contracionista do que o utilizado no cenário de referência ao longo do horizonte relevante”, pontuou.

Preços administrados

O Copom explica ainda, na ata, que a alta de preços de combustíveis figura entre as razões para ter revisto para as suas projeções de reajustes de preços administrados de 3,8% para 6,6% para 2022 e de 5,2% para 5,4% para 2023.

“A revisão se deveu majoritariamente ao forte avanço nas cotações do petróleo desde a última reunião do Comitê, assim como a itens administrados cujas variações devem se repetir ao longo do ano”, diz a ata, que detalha as razões para subir o juro de 9,25% ao ano para 10,75% ao ano em reunião na semana passada. “Essas pressões foram apenas parcialmente compensadas pela mudança na hipótese de bandeira tarifária para o final de 2022, que refletiu a melhora do cenário hídrico.”

Cenário externo

O comitê destaca também, na ata, que “a maioria das commodities reverteu a queda observada no fim do ano e, em alguns casos, atingiram recordes recentes, reforçando o ambiente global de preços mais pressionados”.

Segundo o documento, o ambiente externo segue menos favorável. “A maior persistência inflacionária aumenta o risco de um aperto monetário mais célere nos EUA, tornando as condições financeiras mais desafiadoras para economias emergentes”, afirma o colegiado. “Além disso, a nova onda da covid-19 adiciona incerteza quanto ao ritmo da atividade, ao mesmo tempo que pode postergar a normalização das cadeias globais de produção.”

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